São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003 |
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APAGÃO AMERICANO Primeiro dia útil após o episódio não registra problemas; governos dos dois países farão investigação conjunta EUA e Canadá passam em teste pós-blecaute
ROBERTO DIAS DE NOVA YORK O sistema elétrico dos EUA e do Canadá passou sem maiores problemas pelo primeiro dia de trabalho normal após o blecaute da última quinta-feira. Nos dois países, porém, autoridades pediram à população que continuasse economizando energia, de forma a evitar picos de consumo que levassem a novos apagões nessa fase de recuperação. O problema é considerado especialmente grave no Canadá, onde a oferta de energia não deixa muita margem de manobra em relação à demanda nos horários de maior consumo, situação que preocupa autoridades. Por causa disso, servidores públicos não-essenciais de Ontário foram orientados a não trabalhar ontem. Algumas indústrias também se programaram para operar com metade da capacidade. Em Detroit, a última grande metrópole americana a ter a energia totalmente religada, a indústria automobilística orientou os funcionários a levarem água potável e comida para as fábricas. Em Nova York, muitos mercados viveram ontem um dia de reposição de estoques, já que tiveram de jogar fora os alimentos perecíveis. A prefeitura colocou fiscais para inspecionarem a qualidade da comida oferecida em supermercados e restaurantes. Apesar das precauções, foi registrado aumento no número de casos de pessoas com diarréia. A Secretaria da Saúde orientou a população para que, na dúvida, jogasse fora os alimentos. Praias em Nova York e no lago Erie, em Ohio, continuaram fechadas por causa do temor de contaminação por esgoto não tratado. Outra das preocupações relacionadas à volta da energia era a situação dos eletrodomésticos, que podem ser danificados por variações na voltagem comuns nesse período. Ao menos em Nova York, porém, não foi registrado grande aumento na demanda por assistência técnica. A Bolsa de Valores de Nova York voltou a ter um pregão normal -na sexta-feira, abrira as portas para um movimento bastante fraco. Ontem foi diferente: atingiu o maior nível em 14 meses. Quem não participou da alta foi a FirstEnergy Corp., empresa que é dona das linhas de transmissão de Ohio apontadas como a mais provável origem do blecaute. Suas ações despencaram 9,3%, sobretudo após analistas da Merrill Lynch e da Lehman Brothers demonstrarem restrições em relação a investimentos na companhia por temerem processos indenizatórios. A possibilidade havia sido levantada pelo North American Electric Reliability Council, uma entidade independente que ajuda a traçar políticas para o setor. A empresa, porém, atribuiu a um "mal-entendido" a conclusão de que o problema começou na sua área. Em comunicado distribuído ontem, a FirstEnergy defendeu-se: "Muitas informações precisam ser coletadas e analisadas para determinar com algum grau de certeza as circunstâncias que levaram ao blecaute". Os dois principais órgãos públicos do setor ainda não divulgaram suas conclusões. "Acho que é prematuro tirar conclusões sobre a FirstEnergy ou sobre qualquer outra parte", disse Pat Wood, presidente da Federal Energy Regulatory Comission. Ele não espera grande demora até uma conclusão: "Acho que será uma missão de dias e semanas, não de semanas e meses". Amanhã, os secretários da Energia dos EUA e do Canadá se encontram em Detroit para dar início ao trabalho conjunto de investigação sobre o blecaute. Em relatório divulgado ontem, a Goldman Sachs previu que o apagão não teria grande consequência econômica. "Os efeitos do maior blecaute da história dos EUA deverão ser muito semelhantes ao de uma grande nevasca de inverno: nenhum impacto duradouro na atividade econômica ou no PIB", apontou. Próximo Texto: Sistema do Meio-Oeste já registra falhas há anos Índice |
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