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IRAQUE OCUPADO
Grupos de defesa de jornalistas pedem investigação sobre a morte de cinegrafista por soldado americano
Sob ataques e sabotagem, EUA já contam 285 baixas
DA REDAÇÃO
Uma explosão em Bagdá matou, na manhã de ontem, o 285º
militar americano no Iraque. As
baixas dos EUA -132 somente
no pós-guerra- sobem continuamente à medida que, além de
ataques iraquianos e acidentes, os
militares passaram a incluir no
saldo as mortes de soldados que
haviam deixado o Iraque feridos.
Segundo o Comando Central
Americano (Centcom), a explosão, provocada por uma bomba,
ocorreu no início do dia em um
bairro xiita da capital. Os ataques
e incidentes hostis em áreas xiitas,
antes receptivas às forças ocupantes por sua oposição ao ex-ditador
Saddam Hussein (um sunita),
cresceu nas últimas semanas.
Também aumentou o número e
a extensão das ações de sabotadores. O fim de semana foi marcado
pelos ataques ao oleoduto que
que liga o Iraque a um porto turco
e a um aqueduto que abastecia
Bagdá, deixando 300 mil pessoas
sem água potável sob um calor de
50C. A Casa Branca acusou simpatizantes do regime deposto e
"terroristas estrangeiros".
"Estamos na ofensiva. Vamos
perseguir esses remanescentes do
velho regime. Vamos perseguir
esses terroristas estrangeiros",
disse o porta-voz da Casa Branca,
Scott McClellan, em Washington.
No domingo, um sabotador foi
morto pelas forças americanas
em Tikrit, a cidade em que Saddam foi criado, após ignorar tiros
de advertência. Também anteontem, a explosão de um depósito
de munições na cidade matou 12
ex-militares iraquianos que tentavam roubar armas, segundo a rede de TV árabe Al Jazira.
O chefe da Autoridade Provisória da Coalizão (APC), o americano Paul Bremer, afirmou que os
ataques contra a infra-estrutura
civil do país custam "bilhões de
dólares" à economia iraquiana, já
combalida por 12 anos de sanções
da ONU e pela dificuldade em retomar a produção de petróleo,
principal fonte de renda local.
O prejuízo estimado apenas
com os danos ao oleoduto é de
US$ 7 milhões por dia em exportações perdidas, e a restauração
deve levar ao menos dez dias.
O líder da APC, que governa o
Iraque interinamente, também
culpou simpatizantes do regime
deposto pelas ações. "Provavelmente são pessoas que sobraram
do velho regime e que estão lutando na retaguarda por meio de ataques a bens iraquianos", disse
Bremer. "Esses ataques têm ocorrido regularmente nos últimos
meses e já causaram uma perda
de, literalmente, bilhões de dólares ao povo iraquiano."
Jornalista morto
Bremer também falou, durante
entrevista à rede de TV americana
CNN, concedida em Bagdá, que a
morte do cinegrafista Mazen Dana por um soldado dos EUA foi
um "incidente trágico".
Dana, um palestino de 43 anos,
fazia imagens da prisão de Abu
Ghraib, perto de Bagdá, quando
foi atingido por disparos feitos
por soldados no domingo.
Ele trabalhava para a agência
Reuters, que pediu a abertura de
um inquérito sobre as circunstâncias da morte. O mesmo pedido
foi feito pela Comissão para Proteger Jornalistas (CPJ), grupo sediado em Nova York, e pelos Repórteres Sem Fronteiras, de Paris.
O comando militar americano
abriu uma investigação após reconhecer que o cinegrafista foi
morto por um soldado, mas alegou que sua câmera foi confundida com um lança-granadas.
"Na noite de ontem [domingo]
tivemos uma terrível tragédia",
disse o porta-voz militar, coronel
Guy Shields. "Posso garantir que
ninguém se sente pior do que o
soldado que disparou."
Dana foi o 17º jornalista morto
na Guerra do Iraque e o segundo
cinegrafista da Reuters morto em
um incidente envolvendo soldados americanos -o ucraniano
Taras Protsyukmas morreu no
ataque ao Hotel Palestine por um
tanque americano em abril.
Com agências internacionais
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