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São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003

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AMÉRICA LATINA

Em seu primeiro dia no poder, Duarte pede o fim da "identificação nefasta" das Forças Armadas com a corrupção

Presidente paraguaio muda cúpula militar

DA REDAÇÃO

Em seu primeiro dia útil como presidente do Paraguai, Nicanor Duarte Frutos mudou o comando das Forças Armadas do país, com a designação do general Key Kanazawa, descendente de japoneses, como novo comandante. Em sua mensagem aos militares, Duarte pediu o fim da "identificação nefasta" das Forças Armadas com grupos de poder e com a corrupção.
"Peço a vocês que se esforcem diariamente, que dediquem um empenho cotidiano para que nunca mais no Paraguai as armas pagas pelo povo sejam empregadas contra o povo para perpetuar privilégios e cristalizar a pobreza e a miséria", disse.
Kanazawa, cujo nome sofre resistências de parte da cúpula militar do país, substitui o general Expedito Garrigoza. Duarte também substituiu os comandantes das três Forças. O general Luis Bareiro foi nomeado comandante do Exército, o vice-almirante César Báez assumiu a Marinha e o general Roberto Vera ficou no comando da Força Aérea.
O novo ministro da Defesa, Carlos Romero, anunciou em entrevista coletiva que "haverá uma reestruturação geral nas Forças Armadas". "Vamos modernizar o Exército. Será suprimido o serviço de inteligência, que é um organismo inútil", disse.
Afirmou, ainda, que não houve delito de corrupção que não tenha sido cometido, nas Forças Armadas e no Ministério da Defesa, durante o governo de Luis González Macchi (1999-2003).
González Macchi, pertencente, como Duarte, ao Partido Colorado, no poder desde 1947, está impedido de sair do país pela Justiça, por conta de acusações de corrupção. O ex-presidente, que nega as acusações e diz não ter nada a esconder, é acusado pelo desvio de US$ 16 milhões e pelo uso de um carro roubado no Brasil.
Segundo o ministro da Defesa, 95% do montante previsto para combustíveis no orçamento das Forças Armadas já foi gasto pelo governo passado. Ele disse ainda que, na semana passada, poucos dias antes da posse de Duarte, "liberaram 2.000 cheques para supostos fornecedores".
Ao assumir a Presidência, na sexta-feira, Duarte afirmou que combaterá a corrupção no Estado e que, em seu governo, "regerá o império da lei", para atacar a impunidade.
Analistas vêem como positivos alguns sinais dados pelo novo presidente, como a mudança nas Forças Armadas e a nomeação, para postos-chave, de pessoas sem acusações e não ligadas à máquina do Partido Colorado.
Mas muitos ainda duvidam da capacidade que ele terá para enfrentar os grandes grupos políticos e econômicos que vivem da ilegalidade e que mantêm fortes vínculos dentro do Partido Colorado -alguns dos quais o apoiaram e participaram ativamente de sua campanha presidencial.


Com agências internacionais


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