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EUROPA TROPICAL
Ministro da Saúde também é pressionado
Hipótese de 5.000 mortos por calor derruba diretor da Saúde francesa
JAMEY KEATEN
DA ASSOCIATED PRESS, EM PARIS
Um alto funcionário da Saúde
na França renunciou ontem, depois de o ministro da Saúde ter
admitido que a onda de calor no
país pode ter deixado até 5.000
mortos.
Lucien Abenhaim, o diretor-geral da Saúde, apresentou sua renúncia ao ministro Jean-François
Mattei, em razão das críticas feitas
ao modo como o governo enfrentou a crise da onda de calor. Mattei aceitou a renúncia.
Abenhaim considerou injustos
os ataques ao governo. "Enfrentamos uma catástrofe, a maior onda
de calor dos últimos cem anos",
disse ele à rádio France-Info.
"Mas a tendência em nosso país é
procurar bodes expiatórios, o que
é inaceitável."
A saída de Abenhaim deve aumentar as pressões exercidas sobre Mattei, cuja renúncia também
vem sendo pedida.
O Ministério da Saúde estima
que entre 1.600 e 3.000 pessoas,
em sua maioria idosos, tenham
morrido desde 7 de agosto de causas ligadas ao calor. Muitas das
mortes foram provocadas por insolação ou desidratação.
Estimativa de mortos
Na semana passada, Patrick Pelloux, chefe da associação de médicos de urgência da França e importante crítico da reação governamental à onda de calor, disse
que o número de mortos pode
chegar a 5.000. "É uma hipótese",
disse Mattei à rádio RTL ontem,
referindo-se à estimativa. "É plausível, mas não passa de hipótese."
Ele disse que o número total de
mortes só será conhecido em algumas semanas.
Associações médicas e a oposição socialista vêm criticando o
governo do primeiro-ministro
Jean-Pierre Raffarin, dizendo que
ele demorou a reagir à perspectiva
de mortes causadas pelo calor.
Outros setores, porém, são contrários às críticas. "A caça às bruxas lançada para determinar os
responsáveis por esta crise é simplesmente indecente", disse Marc
Gentilini, presidente da Cruz Vermelha, segundo o jornal "Le Parisien". "Todos nós somos responsáveis."
O governo disse que muitas dos
mortos são idosos deixados sozinhos por suas famílias, que viajaram em férias.
No início deste mês, algumas
partes da França tiveram temperaturas superiores a 40C. Nos últimos dias o calor diminuiu um
pouco. O ministro da Saúde disse
que os efeitos da onda de calor estão sob controle, mas o governo
vai continuar em "pé de guerra",
preparado para uma nova alta.
Nas últimas horas, o tempo
quente e seco deu lugar a temporais em boa parte da França. No
sudeste do país, partes do qual estavam sem chuva havia três meses, ventos e chuvas fortes derrubaram árvores, interrompendo o
serviço de trens em alguns percursos.
A polícia disse que um homem
de 26 anos se afogou no domingo
num lago em Grenoble, no sudeste da França, depois que o barco
em que se encontrava foi fustigado pela chuva e pelo vento.
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