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São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003

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EUROPA TROPICAL

Ministro da Saúde também é pressionado

Hipótese de 5.000 mortos por calor derruba diretor da Saúde francesa

JAMEY KEATEN
DA ASSOCIATED PRESS, EM PARIS

Um alto funcionário da Saúde na França renunciou ontem, depois de o ministro da Saúde ter admitido que a onda de calor no país pode ter deixado até 5.000 mortos.
Lucien Abenhaim, o diretor-geral da Saúde, apresentou sua renúncia ao ministro Jean-François Mattei, em razão das críticas feitas ao modo como o governo enfrentou a crise da onda de calor. Mattei aceitou a renúncia.
Abenhaim considerou injustos os ataques ao governo. "Enfrentamos uma catástrofe, a maior onda de calor dos últimos cem anos", disse ele à rádio France-Info. "Mas a tendência em nosso país é procurar bodes expiatórios, o que é inaceitável."
A saída de Abenhaim deve aumentar as pressões exercidas sobre Mattei, cuja renúncia também vem sendo pedida.
O Ministério da Saúde estima que entre 1.600 e 3.000 pessoas, em sua maioria idosos, tenham morrido desde 7 de agosto de causas ligadas ao calor. Muitas das mortes foram provocadas por insolação ou desidratação.

Estimativa de mortos
Na semana passada, Patrick Pelloux, chefe da associação de médicos de urgência da França e importante crítico da reação governamental à onda de calor, disse que o número de mortos pode chegar a 5.000. "É uma hipótese", disse Mattei à rádio RTL ontem, referindo-se à estimativa. "É plausível, mas não passa de hipótese." Ele disse que o número total de mortes só será conhecido em algumas semanas.
Associações médicas e a oposição socialista vêm criticando o governo do primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin, dizendo que ele demorou a reagir à perspectiva de mortes causadas pelo calor.
Outros setores, porém, são contrários às críticas. "A caça às bruxas lançada para determinar os responsáveis por esta crise é simplesmente indecente", disse Marc Gentilini, presidente da Cruz Vermelha, segundo o jornal "Le Parisien". "Todos nós somos responsáveis."
O governo disse que muitas dos mortos são idosos deixados sozinhos por suas famílias, que viajaram em férias.
No início deste mês, algumas partes da França tiveram temperaturas superiores a 40C. Nos últimos dias o calor diminuiu um pouco. O ministro da Saúde disse que os efeitos da onda de calor estão sob controle, mas o governo vai continuar em "pé de guerra", preparado para uma nova alta.
Nas últimas horas, o tempo quente e seco deu lugar a temporais em boa parte da França. No sudeste do país, partes do qual estavam sem chuva havia três meses, ventos e chuvas fortes derrubaram árvores, interrompendo o serviço de trens em alguns percursos.
A polícia disse que um homem de 26 anos se afogou no domingo num lago em Grenoble, no sudeste da França, depois que o barco em que se encontrava foi fustigado pela chuva e pelo vento.


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