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DIPLOMACIA
Cimoszewicz minimiza polêmica com Lula em julho
Para chanceler polonês, fraqueza da ONU levou a ação unilateral dos EUA
MÁRCIO SENNE DE MORAES
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
A fraqueza da ONU e sua incapacidade em tratar de questões
cruciais, como as de guerra e paz,
fizeram com que a coalizão liderada pelos EUA não buscasse a
anuência formal do Conselho de
Segurança da entidade (CS) à
Guerra do Iraque, de acordo com
Wlodzimierz Cimoszewicz, chanceler da Polônia, país que apoiou
a ação militar que depôs o ex-ditador Saddam Hussein e participa
ativamente dos esforços de reconstrução do Iraque.
"Desde o ano passado, éramos
favoráveis à inclusão da ONU nas
iniciativas para pressionar o Iraque a respeitar resoluções do CS
que lhe diziam respeito. Mas, em
setembro último, quando fui a
Washington, ouvi dos mais altos
líderes políticos americanos que
se tratava de uma idéia ingênua, já
que não seria aprovada."
"Todos os países da ONU são
responsáveis por essa situação,
sobretudo os cinco membros permanentes do CS [EUA, Rússia,
França, Reino Unido e China]",
afirmou Cimoszewicz à Folha
num hotel de Brasília, logo após
uma reunião com seu colega brasileiro, Celso Amorim.
Admitindo certo "embaraço"
com o fato de que nenhuma arma
química ou biológica tenha sido
encontrada no território iraquiano por enquanto, o chanceler polonês disse que a grande probabilidade de que Saddam dispusesse
de armas de destruição em massa
justificava a invasão do Iraque.
"No mundo atual, não podemos
dar-nos ao luxo de esperar que algo ocorra, pois as consequências
são terríveis. O Iraque teve 12
anos para acatar as exigências internacionais, porém não fez nada
nesse tempo", disse.
"Saddam só começou a respeitar o que a ONU exigia de seu regime quando percebeu que havia
250 mil soldados americanos e
britânicos na região do golfo Pérsico", acrescentou. Para ele, as
longas disputas diplomáticas que
precederam a guerra ocorreram
por falta de profissionalismo político de alguns dos principais atores da cena internacional. Todavia ele não quis citar nomes.
"Houve emoção demais, o que
prejudicou bastante o debate político", afirmou.
"As posições só passaram a ser
mais ponderadas quando parceiros estratégicos tradicionais perceberam que estavam pondo em
risco as relações transatlânticas.
Para a Polônia, elas são vitais, e, se
um aliado como os EUA precisa
de ajuda, estamos prontos a contribuir para seus esforços", disse
Cimoszewicz.
Minimizando a breve disputa
entre o presidente do Brasil, Luiz
Inácio Lula da Silva, com seu colega polonês, Alexander Kwasniewski, sobre a política externa
dos EUA, ocorrida em julho, Cimoszewicz ressaltou a importância do bom relacionamento atual
entre o Brasil e a Polônia. "A entrada da Polônia na União Européia criará um ambiente ainda
mais favorável aos laços e aos negócios entre os dois países. Ademais, num debate democrático,
diferenças de opinião são algo positivo", disse.
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