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São Paulo, terça-feira, 19 de agosto de 2003

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DIPLOMACIA

Cimoszewicz minimiza polêmica com Lula em julho

Para chanceler polonês, fraqueza da ONU levou a ação unilateral dos EUA

MÁRCIO SENNE DE MORAES
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

A fraqueza da ONU e sua incapacidade em tratar de questões cruciais, como as de guerra e paz, fizeram com que a coalizão liderada pelos EUA não buscasse a anuência formal do Conselho de Segurança da entidade (CS) à Guerra do Iraque, de acordo com Wlodzimierz Cimoszewicz, chanceler da Polônia, país que apoiou a ação militar que depôs o ex-ditador Saddam Hussein e participa ativamente dos esforços de reconstrução do Iraque.
"Desde o ano passado, éramos favoráveis à inclusão da ONU nas iniciativas para pressionar o Iraque a respeitar resoluções do CS que lhe diziam respeito. Mas, em setembro último, quando fui a Washington, ouvi dos mais altos líderes políticos americanos que se tratava de uma idéia ingênua, já que não seria aprovada."
"Todos os países da ONU são responsáveis por essa situação, sobretudo os cinco membros permanentes do CS [EUA, Rússia, França, Reino Unido e China]", afirmou Cimoszewicz à Folha num hotel de Brasília, logo após uma reunião com seu colega brasileiro, Celso Amorim.
Admitindo certo "embaraço" com o fato de que nenhuma arma química ou biológica tenha sido encontrada no território iraquiano por enquanto, o chanceler polonês disse que a grande probabilidade de que Saddam dispusesse de armas de destruição em massa justificava a invasão do Iraque. "No mundo atual, não podemos dar-nos ao luxo de esperar que algo ocorra, pois as consequências são terríveis. O Iraque teve 12 anos para acatar as exigências internacionais, porém não fez nada nesse tempo", disse.
"Saddam só começou a respeitar o que a ONU exigia de seu regime quando percebeu que havia 250 mil soldados americanos e britânicos na região do golfo Pérsico", acrescentou. Para ele, as longas disputas diplomáticas que precederam a guerra ocorreram por falta de profissionalismo político de alguns dos principais atores da cena internacional. Todavia ele não quis citar nomes. "Houve emoção demais, o que prejudicou bastante o debate político", afirmou.
"As posições só passaram a ser mais ponderadas quando parceiros estratégicos tradicionais perceberam que estavam pondo em risco as relações transatlânticas. Para a Polônia, elas são vitais, e, se um aliado como os EUA precisa de ajuda, estamos prontos a contribuir para seus esforços", disse Cimoszewicz.
Minimizando a breve disputa entre o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, com seu colega polonês, Alexander Kwasniewski, sobre a política externa dos EUA, ocorrida em julho, Cimoszewicz ressaltou a importância do bom relacionamento atual entre o Brasil e a Polônia. "A entrada da Polônia na União Européia criará um ambiente ainda mais favorável aos laços e aos negócios entre os dois países. Ademais, num debate democrático, diferenças de opinião são algo positivo", disse.


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