São Paulo, quarta-feira, 19 de agosto de 2009

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"País tem de olhar para o futuro", afirma a ONU

DO ENVIADO A CABUL

O representante da ONU no Afeganistão, o norueguês Kai Eide, criticou a volta ao país do senhor da guerra uzbeque Abdul Rashid Dostum, patrocinada pelo presidente Hamid Karzai para obter o apoio eleitoral de sua minoria étnica -cerca de 10% da população do país.
"Qualquer um pode voltar a seu país. Mas, como disse a todos os candidatos, o país tem de olhar para o futuro, não para o passado", afirmou Eide, ao responder pergunta da Folha sobre o tema numa entrevista coletiva ontem.
"Temos de ter gente competente no governo, reformistas que evitem que as instituições sejam maculadas pelo passado", disse o representante, chamando Dostum apenas de "aquele indivíduo".
Eide também pediu às forças derrotadas no pleito que não busquem a violência como forma de protesto, num recado claro a Abdullah Abdullah, o segundo colocado de acordo com as pesquisas disponíveis.
Anteontem, Abdullah afirmou em um comício que o "povo não deveria deixar" haver um resultado contra sua vontade -implicando aí que a "vontade popular" seria sua vitória ou ida ao segundo turno.
"Eleições são divisivas por natureza. Quando elas acabarem, peço a todos que busquem um consenso, o Afeganistão não pode aguentar nada além disso", afirmou Eide.
Para a ONU, a violência certamente é um problema sobre o qual não há total controle. "Só saberemos no dia", disse Eide, que negou que 10% das 7.000 seções eleitorais não vão abrir. "Essa é a estimativa de locais com problemas, mas estamos trabalhando."
Ele também afirmou que a ONU prevê algumas irregularidades no pleito, como já percebeu nos registros nas Províncias no período pré-eleitoral. "Mas não há nada que vá tirar a legitimidade da eleição."
"No geral, posso dizer que o processo eleitoral superou minhas expectativas. É importante ressaltar que essa é uma eleição feita pelos afegãos, apenas estamos apoiando", disse o representante. Não é bem assim: toda a logística é fornecida pela ONU, e os US$ 225 milhões estimados de custo serão rachados pelos países presentes no Afeganistão. (IG)


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