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"País tem de olhar para o futuro", afirma a ONU
DO ENVIADO A CABUL
O representante da ONU no
Afeganistão, o norueguês Kai
Eide, criticou a volta ao país do
senhor da guerra uzbeque Abdul Rashid Dostum, patrocinada pelo presidente Hamid Karzai para obter o apoio eleitoral
de sua minoria étnica -cerca
de 10% da população do país.
"Qualquer um pode voltar a
seu país. Mas, como disse a todos os candidatos, o país tem de
olhar para o futuro, não para o
passado", afirmou Eide, ao responder pergunta da Folha sobre o tema numa entrevista coletiva ontem.
"Temos de ter gente competente no governo, reformistas
que evitem que as instituições
sejam maculadas pelo passado", disse o representante, chamando Dostum apenas de
"aquele indivíduo".
Eide também pediu às forças
derrotadas no pleito que não
busquem a violência como forma de protesto, num recado
claro a Abdullah Abdullah, o
segundo colocado de acordo
com as pesquisas disponíveis.
Anteontem, Abdullah afirmou em um comício que o "povo não deveria deixar" haver
um resultado contra sua vontade -implicando aí que a "vontade popular" seria sua vitória
ou ida ao segundo turno.
"Eleições são divisivas por
natureza. Quando elas acabarem, peço a todos que busquem
um consenso, o Afeganistão
não pode aguentar nada além
disso", afirmou Eide.
Para a ONU, a violência certamente é um problema sobre
o qual não há total controle.
"Só saberemos no dia", disse
Eide, que negou que 10% das
7.000 seções eleitorais não vão
abrir. "Essa é a estimativa de
locais com problemas, mas estamos trabalhando."
Ele também afirmou que a
ONU prevê algumas irregularidades no pleito, como já percebeu nos registros nas Províncias no período pré-eleitoral.
"Mas não há nada que vá tirar a
legitimidade da eleição."
"No geral, posso dizer que o
processo eleitoral superou minhas expectativas. É importante ressaltar que essa é uma eleição feita pelos afegãos, apenas
estamos apoiando", disse o representante. Não é bem assim:
toda a logística é fornecida pela
ONU, e os US$ 225 milhões estimados de custo serão rachados pelos países presentes no
Afeganistão.
(IG)
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