São Paulo, quarta-feira, 19 de agosto de 2009

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Washington confirma acordo sobre bases

Hillary recebe colega colombiano e reitera que pacto mira tráfico e que EUA não controlarão instalações

DA REDAÇÃO

O governo dos EUA anunciou ontem ter fechado, de maneira provisória, o acordo com a Colômbia que permitirá aos militares americanos usarem sete bases militares no país "e outras instalações militares, se mutuamente acordado".
Os termos do acerto estão "sob revisão final prévia à assinatura", que deve demorar algumas semanas, segundo documento distribuído pelo governo Barack Obama. A Chancelaria colombiana já havia anunciado a conclusão das negociações na sexta-feira.
Ontem, a secretária de Estado, Hillary Clinton, recebeu o colega colombiano, Jaime Bermúdez, em Washington, e repetiu que os EUA não terão o controle das bases. Disse que o acordo é bilateral e "não tem nada a ver" com outros países.
Questionada sobre as críticas e reparos de Brasil, e de Venezuela sobre a parceria, Hillary disse que os países têm de "entender o que o acordo é e reconhecer o que ele não é".
"Queria também pedir aos países que realmente nos ajudem nessa luta. Não fiquem só de fora e certamente não contribuam para os problemas fazendo e dizendo coisas que solapam os esforços que nossos governos estão fazendo para tentar proteger a região inteira dos narcotraficantes", disse Hillary, numa crítica ao presidente venezuelano, Hugo Chávez.
Bogotá acusa Chávez de apoiar as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e cobra explicações sobre o achado de armas venezuelanas com a guerrilha em 2008.
Ao lado de Hillary, o chanceler Jaime Bermúdez disse que o acordo respeitará a "integridade territorial" dos países. A afirmação é importante por conta do precedente de 2008, quando a Colômbia atacou uma base das Farc no Equador.

Imunidade
O documento sobre o "Acordo de Cooperação de Defesa" reitera que o acerto apenas "aprofunda" e "harmoniza" as parcerias que o país já tem com Bogotá desde 1952.
Frisa que "todas as atividades conduzidas a partir das bases colombianas ocorrerão com o apoio prévio expresso do governo colombiano".
No texto, o primeiro formal distribuído pelos EUA sobre as negociações, Washington diz que a presença de militares e civis contratados pelo Pentágono na Colômbia está em declínio e que a "expectativa" e o "compromisso" do país é que essa tendência se mantenha.
Atualmente, o Congresso americano permite que até 800 militares e até 600 civis contratados estejam na Colômbia.
Críticos do acordo, entre analistas e integrantes dos governos da região, dizem que, como o acordo é de dez anos e o documento não determina que tipo de operações conjuntas os dois países podem realizar, os vizinhos não têm como prever que tipo de atitude terão os futuros governos colombianos.
O texto diz ainda que o acordo servirá para garantir "proteção e status apropriado" aos militares e civis americanos na Colômbia. Internamente, uma das controvérsias do tema é a imunidade legal para o contingente. Bermúdez diz que essa imunidade será "parcial".


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