São Paulo, quarta, 19 de agosto de 1998

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PESQUISA
Índice diminui de 60% para 40%, mas se mantém avaliação positiva de atuação de Clinton à frente do governo
Cai opinião favorável sobre Clinton

Reuters
Bill Clinton sai em férias com sua mulher, Hillary, e sua filha, Chelsea


CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
de Washington

O público norte-americano reagiu de maneira ambígua ao discurso de anteontem em que seu presidente, Bill Clinton, reconheceu ter tido relações "não apropriadas" com Monica Lewinsky.
Embora 53% dos entrevistados pelo Instituto Gallup se tenham dito "satisfeitos" com as suas explicações, 58% acham que ele deveria ter pedido desculpas ao público. Apesar de 62% aprovarem seu desempenho no governo, só 40% afirmam ter "opinião favorável" sobre Clinton (no dia 10, o índice era de 60%).
No Congresso, que vai julgar o seu destino político, o apoio ao presidente foi pífio, mesmo entre seus aliados. Quatro parlamentares, inclusive um do partido do governo (Paul McHale, da Pensilvânia, leste do país), pediram a Clinton que renuncie já.
Na Casa Branca, assessores do presidente admitiam que será difícil para a administração ter aprovadas suas iniciativas no Congresso no que resta do mandato de Clinton, devido ao escândalo.
O líder do governo na Câmara, Dick Gephardt, se declarou "muito decepcionado com a conduta pessoal" do presidente. A senadora Dianne Feinstein, uma das principais defensoras de Clinton durante todo o seu governo, afirmou que a credibilidade do presidente "se despedaçou".
Feinstein, 65, estava na Casa Branca em 26 de janeiro, numa cerimônia sobre educação presidida pela primeira-dama Hillary Clinton, quando o presidente, dedo em riste, disse, pausadamente, em tom grave: "agora, ouçam, eu vou dizer de novo que eu não tive relações sexuais com aquela mulher, a senhorita Lewinsky".
Na oposição, os comentários foram da cautela, da parte dos líderes, como o presidente da Câmara, Newt Gingrich, ao escárnio, como o do senador Orrin Hatch, de Utah (oeste do país), que chamou o presidente de "idiota" ou o do deputado Bob Barr, da Geórgia (sul), que o chamou de "mentiroso".
Hatch, 64, é uma pessoa-chave por presidir a Comissão de Justiça do Senado, que examinará um eventual processo de impeachment contra Clinton. O xingamento e sua observação de que o presidente foi "patético" em seu discurso foram feitos a amigos após uma entrevista, em que Hatch havia sido mais moderado.
A reação dos políticos, claro, depende da opinião pública. Clinton, conhecido como "garoto da volta por cima", vai tentar, de novo, mostrar que tem tantas vidas quanto seu gato, Socks. A operação de reconquistar a simpatia pública teve início ontem, quando ele, a mulher e a filha passaram 40 minutos cumprimentando pessoas em Martha's Vineyard (leste). Foi nessa ilha, em 93, que Clinton comprou presentes que depois daria à estagiária Lewinsky.



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