São Paulo, quarta, 19 de agosto de 1998

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Leia o pronunciamento de Clinton

Boa noite. Esta tarde, neste recinto, desta cadeira, eu depus ao promotor independente e ao júri de inquérito. Respondi muito sinceramente às suas perguntas, inclusive perguntas sobre minha vida privada, perguntas que nenhum cidadão americano gostaria de responder.
Ainda assim devo assumir inteira responsabilidade por todas as minhas ações, tanto no domínio público como no domínio privado. E é por isso que estou falando com vocês esta noite. Como vocês sabem, em depoimento em janeiro fui questionado sobre minha relação com Monica Lewinsky. Apesar de minhas respostas serem corretas, eu não apresentei todas as informações.
De fato, eu tive uma relação com a senhorita Lewinsky que não foi apropriada. De fato, foi errada. Isso constituiu um lapso de julgamento crítico e uma falha pessoal da minha parte, pela qual eu sou completamente responsável. Mas eu disse ao júri de inquérito hoje, e digo a vocês agora, que em nenhum momento eu pedi para alguém mentir, esconder ou destruir provas ou realizar qualquer ação ilegal.
Eu sei que minhas declarações públicas e meu silêncio sobre o assunto deram uma falsa impressão. Eu enganei pessoas, inclusive minha mulher. Eu lamento isso profundamente. Só posso dizer que fui motivado por vários fatores. Primeiro, por um desejo de me proteger do constrangimento de minha própria conduta. Também estava muito preocupado em proteger minha família. O fato de as questões terem sido feitas numa ação motivada politicamente -e depois arquivada- foi levado em consideração também.
Além disso, eu tive preocupações sérias e reais sobre a investigação do promotor independente, que começou com um negócio privado de 20 anos atrás, transações sobre as quais uma agência federal independente não encontrou nenhuma evidência de irregularidade cometida por mim ou por minha mulher. A investigação do promotor independente voltou-se contra meus assessores e amigos, e entrou em minha vida privada. E agora, a própria investigação está sob investigação.
Isso foi longe demais, custou demais e feriu muitas pessoas inocentes. Agora, essa questão é entre mim, as duas pessoas que mais amo -minha mulher e minha filha- e nosso Deus. Devo consertar essa situação e o farei a qualquer custo. Nada é mais importante para mim. Mas é um problema particular, pretendo recuperar minha vida familiar para minha família. Não é problema de ninguém, senão nosso.
Até mesmo presidentes têm vida privada. Chegou o momento de parar com a busca da destruição pessoal e a invasão das vidas privadas e dar continuidade à vida nacional. Nosso país ficou distraído por essa questão por um tempo longo e assumo a responsabilidade pela parte que tive em tudo isso. É tudo que posso fazer.
Agora chegou a hora -de fato, já passou- de prosseguir. Temos um importante trabalho a fazer, oportunidades reais a conquistar, problemas reais a resolver e questões de segurança reais a enfrentar.
E assim, esta noite, peço a vocês que virem as costas ao espetáculo dos últimos sete meses a fim de reconstruir o tecido do nosso discurso nacional e voltar a atenção a todos os desafios e a todas as perspectivas do próximo século americano. Agradeço a vocês por assistir. Boa noite.



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