São Paulo, domingo, 19 de outubro de 1997.



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SP prepara estudo demográfico

Guilherme Maranhão/Folha Imagem
Alunos da escola judaica de linha ortodoxa Lubavitch, em São Paulo


da Redação

A comunidade judaica de São Paulo prepara um estudo demográfico. "O objetivo é saber quantos somos e do que precisamos", disse à Folha Vera Bobrow, presidente da Fisesp (Federação Israelita do Estado de São Paulo).
A comunidade paulista é a maior e a mais ativa do Brasil. Segundo o Censo Nacional de 1991 do IBGE, o Estado de São Paulo teria 42.871 judeus, quase a metade dos 86.416 judeus registrados pelo Censo.
Mas a Fisesp e o demógrafo israelense Sergio della Pergola questionam esses dados. Segundo eles, muitos judeus seculares preferiram não se declarar judeus ao Censo.
Della Pergola, principal demógrafo do judaísmo, estima que a população judaica do país seja de cerca de 100 mil pessoas, quase 0,07% da população brasileira. No mundo, os judeus são 0,23% da população total.
Bobrow acredita que a população judaica no Brasil passa pelas mesmas transformações que a diáspora como um todo.
"O número de filhos está diminuindo muito. A tendência é de envelhecimento e diminuição da comunidade", diz ela.
A assimilação e os casamentos com membros de fora da comunidade também ocorrem com frequência. "Preservar o judaísmo no casamento 'misto' dá muita mão-de-obra, mas é possível", afirma Bobrow. Mesmo sendo um fato muito positivo, a facilidade com que os judeus são aceitos no Brasil acaba dificultando a preservação do judaísmo, diz ela. "Quando se é bem recebido, não há motivo para se fechar."
O estudo demográfico, que deve ocorrer no início do ano que vem, vai trabalhar com uma amostra da população judaica, explica a demógrafa paulista Felícia Madeira, encarregada do projeto. Seu objetivo é fornecer à Fisesp e às suas mais de 50 entidades filiadas dados mais precisos das demandas da comunidade. "Precisamos saber se as escolas, por exemplo, estão no lugar certo", afirma Bobrow.
O Rio, com 26.190 judeus, segundo o IBGE, é o segundo centro judaico do país. Mas, no Nordeste, comunidades tradicionais como a da Bahia e a de Pernambuco encolhem.
A Bahia, que no fim da década de 50 tinha 250 famílias judias, hoje tem apenas 150. E os casamentos "mistos" são praticamente uma unanimidade, diz Jaime Fingergut, presidente da Sociedade Israelita da Bahia. (SM)




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