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4 da Al Qaeda pegam perpétua em NY
DAVID USBORNE
DO "THE INDEPENDENT", EM NOVA YORK
A Justiça de Nova York sentenciou à prisão perpétua quatro seguidores do saudita Osama bin
Laden -todos integrantes da rede terrorista Al Qaeda- pelos
atentados contra as embaixadas
dos EUA em Nairóbi (Quênia) e
em Dar Assalam (Tanzânia), em
1998, que deixaram 224 mortos e
mais de 5.000 feridos.
Há seis meses, eles já haviam sido considerados culpados pelos
atos terroristas, porém a condenação teve menos repercussão do
que agora, no anúncio da sentença. Bin Laden, acusado de envolvimento nos atentados contra
Nova York e o Pentágono, e a Al
Qaeda, seu grupo, ainda não eram
conhecidos entre os americanos
como seus maiores inimigos.
Para agregar mais peso simbólico e emotivo à divulgação da sentença, a audiência aconteceu a
poucos quarteirões das ruínas do
World Trade Center, destruído
nos atentados do dia 11 de setembro, em ato terrorista atribuído a
Bin Laden e à Al Qaeda.
Essa foi a primeira vez que
membros sabidamente pertencentes à Al Qaeda foram julgados
nos EUA. Devido à comoção causada pelos recentes atentados, o
tribunal estava com a segurança
reforçada por policiais e cães farejadores de bomba.
Agradecimento
O tanzaniano Khalfan Khamis
Mohamed, 28, e o saudita Mohamed Rashed Daoud al-'Owhali,
24, receberam a sentença devido a
envolvimento indireto nas explosões das embaixadas na África.
Por meio de seu advogado, o tanzaniano agradeceu por não ter sido condenado à morte.
A pena foi instituída para terrorismo no Estado de Nova York
em 19 de setembro, como resposta aos atentados. Os quatro condenados poderiam ter recebido
essa sentença, mas temia-se que
eles pudessem ser transformados
em mártires de grupos terroristas.
Para Howard Kavaler, marido de
uma das vítimas, "é melhor que
eles morram conscientes de que
suas almas estarão condenadas
para sempre".
Susan Hirsh, que perdeu o marido nas explosões na Embaixada
dos EUA na Tanzânia, afirmou
que os condenados tinham uma
visão distorcida do islamismo.
Seu marido era muçulmano.
"Tempo de justiça"
O jordaniano Mohammed Saddiq Odeh, 36, apesar de possuir
uma ligação bem menor com os
atentados, recebeu a mesma sentença. Ele admitiu pertencer à Al
Qaeda e afirmou que, na sua visão, os ataques ocorreram contra
os Estados Unidos devido a seu
apoio aos israelenses no conflito
contra os palestinos.
Wadih El-Hage, um antigo assessor pessoal de Bin Laden, morava no Texas (EUA) na época
dos atentados, mas teria ajudado
a Al Qaeda a se estabelecer no Sudão no início dos anos 90, país onde teriam sido organizados os
atos terroristas.
Os condenados, que entraram
no tribunal com os pés e as mãos
algemados, ficarão detidos em
uma prisão de segurança máxima
em local ainda indefinido.
Ao emitir a sentença, o juiz Leonard Sand evitou um emotivo discurso, como é comum nos Estados Unidos. Limitou-se a dizer
apenas que "esse não é um tempo
de eloquência, e sim de justiça".
Indenização
Além de serem sentenciados à
pena de morte, os quatro terroristas foram condenados a pagar
US$ 33 milhões por danos e prejuízos para todos os atingidos nos
atentados, US$ 7 milhões para as
famílias das vítimas e US$ 26 milhões para o governo norte-americano pelos gastos com todo o
julgamento e investigação das explosões nas embaixadas. Para o
pagamento, poderá ser utilizado o
dinheiro depositado em contas de
organizações terroristas congeladas pelo governo dos EUA.
Com agências internacionais
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