São Paulo, terça-feira, 19 de outubro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Ex-comandante disse ao Pentágono, em carta obtida pelo "Post", que estoque reduzido de peças minou ações

General alertou sobre penúria militar

DA REDAÇÃO

Os militares dos EUA enfrentaram problemas com a falta de peças de reposição de equipamentos militares -inclusive de helicópteros de combate e de tanques-, prejudicando as operações americanas no Iraque.
A informação está em carta enviada, em dezembro de 2003, pelo então comandante das forças americanas no Iraque, Ricardo Sanchéz, ao Pentágono, segundo reportagem publicada ontem no diário "The Washington Post", que teve acesso à carta.
"Não é possível manter operações de combate com as taxas [de estoque de peças de reposição] nos níveis atuais", disse à época o general americano, que foi responsável pelo comando das forças dos EUA no Iraque entre meados de 2003 e meados de 2004.
A situação atual está substancialmente melhor, afirmou ao "Washington Post" Gary Motsek, vice-diretor de operações do Comando de Materiais do Exército.
Em alguns casos, a reposição de peças chegou a demorar 40 dias -mais do que o triplo da média americana-, segundo disse o general Sanchéz.
Procurado pelo "Washington Post", Sanchéz não respondeu. Atualmente, o general está na sua base permanente na Alemanha.
Antes da divulgação da carta com as reclamações de Sanchéz, Paul Bremmer, que era o administrador civil do Iraque até junho, havia afirmado que o número de militares dos EUA no país era menor do que o necessário.

Pacificação
O premiê iraquiano, Ayad Allawi, anunciou ontem uma ajuda humanitária de US$ 2 milhões para Fallujah, segundo informações da France Presse.
A agência de notícias não deu detalhes dessa operação, que foi divulgada no mesmo dia em que o assessor de Segurança Nacional iraquiano, Kassim Daoud, voltou a ameaçar a cidade sunita caso os moradores não entreguem o terrorista jordaniano Abu Musab al Zarqawi e os seus seguidores do grupo Tawhid e Jihad.
Ontem as forças americanas libertaram o xeque Khaled el Jumeili, que vinha representando os moradores de Fallujah nas negociações com os EUA até ser preso, na sexta-feira passada.
Após ser solto, Jumeili criticou a proposta de paz do governo interino do Iraque, que tem o amparo dos americanos no pedido para a entrega de Al Zarqawi.
"Acho que os moradores de Fallujah não querem esse tipo de paz. Eles querem uma paz real, não uma que age pelas costas e ataca e destrói casas, matando mulheres e crianças", disse.
Segundo ele, por enquanto, as negociações estão suspensas. Mas a sua libertação pode estar ligada a uma retomada nas negociações para o fim da violência na cidade, que é um dos principais bastiões anti-EUA no Iraque.
Questionado sobre quais as provas que o governo tem de que Al Zarqawi opera em Fallujah, o assessor de Segurança Nacional disse: "Muitos de seus seguidores estão lá. A prova é essa".
Daoud também anunciou um programa do governo para que a população entregue pacificamente as suas armas em troca de anistia. Sistema similar já está sendo usado no distrito de Sadr City, em Bagdá, onde os militantes que entregam as armas recebem dinheiro em troca.
A Casa Branca afirmou ontem que autoridades iraquianas e comandantes americanos no Iraque rejeitaram oferta feita pela Arábia Saudita de enviar soldados para o país em uma força de manutenção da paz islâmica. Segundo o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan, o governo iraquiano expressou "preocupações" com a possibilidade de um país vizinho enviar tropas ao país.


Com agências internacionais


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