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Impasse está nas mãos de Guatemala e Venezuela, diz AL
Chile e Uruguai emergem como candidatos alternativos à vaga rotativa da região no Conselho de Segurança da ONU
Caracas afirma que só deixa disputa com pedido de desculpas dos EUA, mas Chávez já teria debatido apoio com colega uruguaio
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DE NOVA YORK
Após dois dias de votação
sem acordo e um de recesso para debates, o grupo dos países
da América Latina e Caribe na
ONU pediu ontem que Venezuela e Guatemala resolvam
entre si o impasse de suas candidaturas para vaga rotativa do
Conselho de Segurança da organização. De Caracas, o presidente Hugo Chávez disse que
"não se renderá" e afirmou que
"a luta é contra os EUA".
Apoiada por Washington, a
Guatemala esbarra agora na rejeição da China, membro permanente do CS com poder de
veto, por reconhecer Taiwan
como país soberano e manter
com ele relações diplomáticas e
comerciais.
Após uma rodada de empate
e 21 em que a Guatemala liderou os votos sobre a Venezuela,
mas sem atingir a maioria necessária, a Assembléia Geral
suspendeu a votação, que deve
ser retomada hoje, às 10h.
Nas discussões de ontem, tomaram a palavra Brasil, Argentina, Colômbia, Chile, México,
Peru e Uruguai. "Os candidatos
são livres para trabalhar juntos
e, se precisarem de ajuda, podem contar com um de nós. Vamos ver como reagem", disse o
embaixador brasileiro na ONU,
Ronaldo Sardenberg.
"Pedimos que os candidatos
conversem entre si e tentem
chegar a uma solução intermediária", afirmou o representante argentino, Cesar Mayoral.
Diplomatas brasileiros e estrangeiros ouvidos pela Folha
na ONU dizem que, na prática,
apesar do simbolismo, a presença da Venezuela como
membro não-permanente do
CS, com mandato de dois anos,
teria pouco efeito: as vagas rotativas não têm poder de veto.
Com a polarização das candidaturas, cujo apoio revela ou
não alinhamento com Washington, surge a possibilidade
de uma terceira via, que anularia a concorrência entre Guatemala e Venezuela e seria eleita
em consenso, quase por aclamação. Chile e Uruguai entrariam na disputa.
Forte aliado dos EUA, com
quem tem acordos bilaterais, o
Chile ganharia apoio de Wahington mas enfrentaria oposição da Venezuela. Além disso, o
país esteve há pouco tempo no
CS, antes do Brasil, que antecedeu a Argentina (membro
atual). Já o Uruguai poderia
agradar tanto à Guatemala
quanto à Venezuela. Chávez
mantém boas relações políticas
com o presidente Tabaré Vásquez, também de esquerda,
além de estreitas relações comerciais, com acordos de petróleo e gás. A Folha apurou
que Chávez já telefonou para
Vásquez para acertar apoio caso saia de fato derrotado.
Além disso, o Chile indicou
preferência pelo Uruguai, chamando o país de "um excelente
candidato". "Não somos candidatos e acreditamos ser melhor
assim, para que possamos exercer uma influência construtiva
para chegar a um candidato comum", disse o chanceler Alejandro Foxley, que acompanha
a presidente Michelle Bachelet
em visita à Alemanha. O país,
que é membro-associado do
Mercosul mas recentemente
teve atritos diplomáticos com a
Venezuela, se absteve nas votações, alegando que a região deve ter "voz única".
Francisco Arias Cárdenas,
representante venezuelano,
disse que a única possibilidade
de Chávez largar a disputa seria
uma retratação pública de
Bush e do embaixador americano John Bolton. "Sem chance", respondeu a Casa Branca.
A vaga disputada por Venezuela e Guatemala será liberada pela Argentina em 31 de dezembro. A outra vaga latino-americana é ocupada pelo Peru
até o final de 2007.
Com agências internacionais
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