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Rússia começa a aplicar lei que limita a ação de ONGs
Menos de metade dos grupos estrangeiros obteve autorização para atuar no país
Organizações de peso como Anistia Internacional ficam fora da lista do governo, que pode ampliar o período de
registro; EUA pedem rapidez
DA REDAÇÃO
Dezenas de organizações
não-governamentais (ONGs)
estrangeiras correm o risco de
terem vetado o direito de atuar
na Rússia, depois do vencimento, ontem, do prazo estabelecido por uma polêmica lei que
aumenta o controle do governo
sobre elas. Pouco mais de uma
semana após o assassinato de
uma jornalista crítica ao Kremlin, em pleno centro de Moscou, o cerco às ONGs aumenta
a preocupação sobre as restrições às liberdades civis no país.
A lei, que provocou furor internacional ao ser sancionada
pelo presidente Vladimir Putin, no começo do ano, exige
que toda ONG estrangeira que
opera na Rússia submeta uma
longa relação de documentos,
incluindo números de passaporte e endereços dos fundadores das organizações, a uma
agência do governo, a qual cabe
aprovar qual delas está apta a
atuar no país.
Somente 80 organizações
conseguiram a aprovação e foram incluídas na lista divulgada
ontem pelo Serviço Federal de
Registro. Segundo estimativas,
há entre 300 e 500 organizações estrangeiras no país.
Entre as que ficaram de fora
estão entidades de prestígio
mundial na defesa dos direitos
humanos, como a Anistia Internacional e a Human Rights
Watch (HRW).
O Kremlin alega que a lei é
ferramenta vital na luta contra
crimes como o terrorismo e a
lavagem de dinheiro e para
conter a espionagem internacional que usa ONGs falsas como cobertura. Para seus críticos, a lei dá carta branca ao governo para reprimir grupos incômodos, como os de defesa
dos direitos humanos.
Dezenas de organizações
afirmam ter submetido a documentação exigida no prazo,
mas dizem não ter recebido
resposta. O governo russo indicou ontem que pode ampliar o
prazo. O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano Tom Casey exortou a Rússia a processar os pedidos o
quanto antes e a permitir que
as organizações ainda em processo de registro continuem
suas atividades normalmente.
Outros prazos impostos pela
lei preocupam as ONGs. Até o
último dia deste mês, por
exemplo, todas as organizações
devem apresentar um plano
detalhado do que pretendem
fazer em 2007, o que permitiria
ao governo monitorar exatamente como elas operam, teme
Alison Gill, chefe do escritório
da HRW em Moscou.
Limites
"As autoridades podem sentar comigo enquanto eu entrevisto um indivíduo sobre abusos aos direitos humanos? Eu
certamente espero que não",
disse Gill. "A lei significa que
eles podem acompanhar reuniões internas, de estratégia ou
treinamento?"
A lei aprovada por Putin também dá ao governo o direito de
interromper atividades e fechar organizações que considere ameaças à segurança nacional. O tema das restrições às liberdades civis no país deverá
ser abordado na reunião de cúpula Rússia-UE, hoje, na cidade
de Lahti, na Finlândia, país que
ocupa atualmente a Presidência rotativa do bloco europeu.
No topo da agenda está a energia e a crescente dependência
européia dos recursos russos.
A Rússia vem se beneficiando da falta de um posicionamento europeu único, tanto na
questão da energia como em relação aos direitos humanos. No
começo da semana a UE venceu as divisões e divulgou um
comunicado pedindo à Rússia
que suspenda a perseguição aos
cidadãos da Geórgia, intensificada nas últimas semanas em
meio à crise entre Moscou e a
ex-república soviética.
Com agências internacionais
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