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São Paulo, quarta-feira, 19 de novembro de 2003

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Pacifistas esperam 100 mil em Londres

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Andrew Burgin, 49, é comerciante de livros usados e integra o coletivo de dirigentes da Stop the War (pare a guerra). É uma coligação de entidades pacifistas que pretende reunir amanhã, em Londres, 100 mil pessoas num protesto contra a presença britânica no Iraque e contra visita de George W. Bush ao Reino Unido.
Burgin acredita que os pacifistas são majoritários na população e que o próprio Bush testemunhará a dimensão do protesto, que deve passar a poucos metros de Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro Tony Blair.
Eis os principais trechos de sua entrevista à Folha.
 

Folha - O que motivaria uma grande multidão a aderir à marcha desta quinta-feira?
Andrew Burgin -
Pesquisas recentes revelam que 60% dos britânicos se opõem à ocupação do Iraque e à política de Bush.

Folha - O "Guardian" de hoje [ontem] traz pesquisa com tendência contrária. O que o sr. acha disso?
Burgin -
Não acreditamos que ela traga um retrato real dos sentimentos. Preferimos acreditar na pesquisa encomendada pelo jornal "The Times". Uma terceira pesquisa, a do tablóide "Daily Mirror", vai no mesmo sentido.

Folha - Há a intenção de fazer em Londres uma manifestação do tamanho que os pacifistas dos EUA não conseguiram reunir?
Burgin -
Sem querer fazer comparações, estamos esperando algo em torno de 100 mil pessoas para exprimir oposição a Bush e ao apoio que Tony Blair dá a ele.

Folha - Qual é a logística da chegada de tantos manifestantes de outras regiões do Reino Unido?
Burgin -
Dezenas de milhares são de Londres e cidades próximas. Os trens devem chegar lotados. Quanto aos ônibus fretados, há por enquanto cerca de 200.

Folha - Com o bloqueio policial em Londres, não há o risco de confundir pacifismo com a indignação pelos congestionamentos?
Burgin -
Preferimos não pensar dessa forma. Estamos num país em que os cidadãos têm o direito democrático de protestar.

Folha - A passeata passará por algum lugar em que Bush estará?
Burgin -
Desconhecemos a programação de Bush. A passeata, de acordo com o trajeto que negociamos com a Polícia Metropolitana, passará a cerca de 50 metros de Downing Street.

Folha - Qual o tamanho da frustração de vocês caso não reunam uma manifestação portentosa?
Burgin -
Há uma predisposição diferente daquela que existia às vésperas das manifestações que promovemos no início do ano. Queríamos, então, impedir a guerra. Suas consequências estão sendo desastrosas. O combate ao terrorismo é um fracasso.

Folha - Vocês investem nos contribuintes para os quais o Iraque está drenando parte dos impostos?
Burgin -
Embora não seja o ângulo principal, há com certeza a percepção de que o dinheiro gasto no Iraque poderia estar melhorando a rede de ensino e os hospitais do Reino Unido.


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