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EUA
Justiça diz que Estado não pode proibir que pessoas do mesmo sexo se casem; Bush afirma que defenderá "santidade do casamento"
Massachusetts libera casamento gay
CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK
Sob críticas do presidente dos
EUA, George W. Bush, a Suprema
Corte Judicial de Massachusetts
decidiu ontem que o Estado não
pode proibir que pessoas do mesmo sexo se casem. Segundo os juízes, a Corte não encontrou nenhuma razão na Constituição dos
Estados Unidos que impeça casais
homossexuais de se casarem.
O anúncio feito pela Suprema
Corte foi considerado histórico
por ativistas de direitos civis. "Esse fato é um divisor de águas para
a comunidade gay. É um sinal claro do reconhecimento dos direitos dos homossexuais", afirmou
Ben Klein, advogado da associação norte-americana Glad (sigla
em inglês para Apoiadores e Defensores de Gays & Lésbicas).
O presidente americano, no entanto, não gostou da decisão. "O
casamento é uma instituição sagrada entre um homem e uma
mulher. A decisão de hoje [ontem] viola esse importante princípio. Vou trabalhar com líderes do
Congresso para fazer o que for legalmente necessário para defender a santidade do casamento",
disse Bush, em nota sobre o caso.
A decisão de ontem pôs fim a
uma batalha judicial empreendida por sete casais homossexuais
do Estado de Massachusetts. Em
2001, eles entraram com uma
ação judicial após terem os pedidos para se casarem oficialmente
negados. "Hoje, eles [os casais]
estão radiantes", disse Klein.
A Suprema Corte, entretanto,
estabeleceu um período de 180
dias para que legisladores do Estado de Massachusetts ponderem
sobre a decisão. Nesse período, os
casamentos entre homossexuais
continuam proibidos.
Mas, de acordo com Klein e alguns outros analistas, só uma
emenda constitucional poderia
reverter o que foi decidido pela
Suprema Corte. "Esse prazo dado
aos legisladores é mais uma formalidade. Essa decisão é muito
difícil de ser revertida e não é passível de apelação na Suprema
Corte dos EUA", avaliou Klein. O
trâmite legal para uma emenda
constitucional é demorado e pode
levar até três anos.
Ontem, o governador do Estado, o republicano Mitt Romney,
anunciou que vai coordenar esforços para promover uma emenda constitucional que impeça casamentos homossexuais.
Entre diversas associações de
defensores de direitos dos homossexuais a decisão foi comemorada. "Eles [os juízes da Suprema Corte de Massachusetts] concordaram que não há nada na
Constituição que impeça que gays
e lésbicas se casem. É um dia de
vitória", disse Susanna Fried, da
associação "International Gay
and Lesbian Human Right" (algo
como Direito Humano Internacional de Gays e Lésbicas).
Entre membros de grupos conservadores, porém, o clima é de
grande mal-estar. "Essa decisão
vai desmantelar a essência da noção de casamento nos EUA. Esses
juízes estão contrariando o desejo
da maioria dos americanos", argumentou Melissa Fryrear, representante da organização sem fins
lucrativos "Focus on the Family"
(Foco na Família).
A opinião de Fryer parece encontrar respaldo na sociedade
americana. Pesquisa divulgada
ontem pelo Pew Research Center
mostra que 59% dos americanos
são contrários a casamentos entre
homossexuais. "Apesar da crescente tolerância em relação aos
homossexuais desde os anos oitenta, muitos americanos continuam tendo críticas a eles. A crença religiosa é um fator importante
para essa atitude", diz texto do
instituto.
O Estado de Vermont concede a
casais homossexuais uma união
legal com status igual ao do casamento heterossexual.
No Brasil, desde 1995, há um
projeto de lei que reconhece a
união civil entre homossexuais,
apresentado pela então deputada
Marta Suplicy (PT-SP), atual prefeita de São Paulo. O projeto
aguarda votação na Câmara.
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