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25 mil saem às ruas para preservar a unidade belga
Manifestantes entregam ao Parlamento abaixo-assinado pela formação de um governo e o fim da paralisia política que afeta o país desde junho
DA ASSOCIATED PRESS
Cerca de 25 mil pessoas participaram ontem de um ato público em Bruxelas para pressionar a classe política belga a formar finalmente um governo e
com isso evitar o risco de uma
divisão definitiva do país.
A Bélgica é formada por duas
comunidades que já desfrutam
de plena autonomia administrativa: os 6 milhões de flamengos, que falam o idioma holandês, e os 4,5 milhões de valões,
que falam francês.
As eleições legislativas de 10
de junho permitiram que os
cristãos democratas e liberais
elegessem 81 dos 150 deputados, mas, como os dois partidos
estão divididos em subgrupos
lingüísticos, eles não conseguem desde então chegar a um
acordo para preencher os cargos do gabinete.
Gangorra econômica
A crise foi agravada no último dia 7, quando os parlamentares flamengos tentaram diminuir os direitos dos francófonos da capital -administrativamente uma terceira região, e
a única bilíngüe.
No passado a Valônia sempre
foi a região mais próspera da
Bélgica. Mas ela entrou em declínio com o fim das velhas siderurgias e das minas de carvão. Os Flandres, com uma população maior, ultrapassaram a
comunidade rival ao investirem maciçamente em empresas de alta tecnologia.
Com a atual crise, os flamengos querem uma autonomia
maior que a já conquistada, enquanto os valões acreditam que
isso significaria um Estado virtualmente independente.
Em princípio o novo governo
será chefiado por Yves Leterme, um cristão democrata flamengo. Ainda ontem ele participava de negociações, depois
que os valões retiraram sua
oposição a uma maior autonomia fiscal dos Flandres.
As questões pendentes são
decididas pelo primeiro-ministro demissionário, Guy Verhofstadt, de centro esquerda, a
antiga maioria parlamentar.
Protesto da base
A manifestação de ontem teve como ponto de partida uma
funcionária pública da cidade
francófona de Liège, Marie-Claire Houard, que criou um
movimento suprapartidário
que coletou nas últimas semanas 140 mil assinaturas de um
apelo para que os políticos "voltem a trabalhar e evitem a divisão do país".
O abaixo-assinado foi entregue ao presidente da Câmara
dos Deputados, Herman van
Rompuy, e do Senado, Armand
De Decker. Apesar do frio, os
manifestantes, milhares com a
bandeira belga, reuniram-se
num monumento central que
marca a independência da Bélgica, em 1830.
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