São Paulo, segunda-feira, 19 de novembro de 2007

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25 mil saem às ruas para preservar a unidade belga

Manifestantes entregam ao Parlamento abaixo-assinado pela formação de um governo e o fim da paralisia política que afeta o país desde junho

DA ASSOCIATED PRESS

Cerca de 25 mil pessoas participaram ontem de um ato público em Bruxelas para pressionar a classe política belga a formar finalmente um governo e com isso evitar o risco de uma divisão definitiva do país.
A Bélgica é formada por duas comunidades que já desfrutam de plena autonomia administrativa: os 6 milhões de flamengos, que falam o idioma holandês, e os 4,5 milhões de valões, que falam francês.
As eleições legislativas de 10 de junho permitiram que os cristãos democratas e liberais elegessem 81 dos 150 deputados, mas, como os dois partidos estão divididos em subgrupos lingüísticos, eles não conseguem desde então chegar a um acordo para preencher os cargos do gabinete.

Gangorra econômica
A crise foi agravada no último dia 7, quando os parlamentares flamengos tentaram diminuir os direitos dos francófonos da capital -administrativamente uma terceira região, e a única bilíngüe.
No passado a Valônia sempre foi a região mais próspera da Bélgica. Mas ela entrou em declínio com o fim das velhas siderurgias e das minas de carvão. Os Flandres, com uma população maior, ultrapassaram a comunidade rival ao investirem maciçamente em empresas de alta tecnologia.
Com a atual crise, os flamengos querem uma autonomia maior que a já conquistada, enquanto os valões acreditam que isso significaria um Estado virtualmente independente.
Em princípio o novo governo será chefiado por Yves Leterme, um cristão democrata flamengo. Ainda ontem ele participava de negociações, depois que os valões retiraram sua oposição a uma maior autonomia fiscal dos Flandres.
As questões pendentes são decididas pelo primeiro-ministro demissionário, Guy Verhofstadt, de centro esquerda, a antiga maioria parlamentar.

Protesto da base
A manifestação de ontem teve como ponto de partida uma funcionária pública da cidade francófona de Liège, Marie-Claire Houard, que criou um movimento suprapartidário que coletou nas últimas semanas 140 mil assinaturas de um apelo para que os políticos "voltem a trabalhar e evitem a divisão do país".
O abaixo-assinado foi entregue ao presidente da Câmara dos Deputados, Herman van Rompuy, e do Senado, Armand De Decker. Apesar do frio, os manifestantes, milhares com a bandeira belga, reuniram-se num monumento central que marca a independência da Bélgica, em 1830.


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