São Paulo, quinta-feira, 19 de novembro de 2009

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Obama desiste de prazo para Guantánamo

Americano declara que não conseguirá fechar prisão até janeiro, como prometido, e evita estipular nova data-limite

Democrata responde aos críticos da ida de detentos para julgamento em Nova York, dizendo que aplicação da pena de morte os calará


JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O presidente dos EUA, Barack Obama, afirmou ontem pela primeira vez que não conseguirá fechar a prisão de Guantánamo, em Cuba, até janeiro de 2010, prazo estipulado por ele no dia 22 de janeiro, logo após assumir o cargo.
Obama atribuiu o atraso à morosidade de Washington, mas o reconhecimento de que a data inicial se tornou impraticável deve dar mais fôlego às críticas de que promete mais do que pode cumprir.
A decisão de fechar a prisão destinada aos presos da "guerra ao terror" logo após chegar à Presidência simbolizou um corte em relação às políticas do antecessor George W. Bush.
"Tínhamos um prazo final específico, que foi perdido", disse o presidente em entrevista à NBC em Pequim, durante seu giro por países asiáticos. Ele se recusou a dar uma nova data específica, mas disse que a prisão deverá ser fechada em 2010. "Estamos no caminho de um processo em que eu poderia antecipar que Guantánamo será fechada no próximo ano", disse em entrevista à Fox.
O caminho para o fechamento da prisão requer que os cerca de 200 presos de Guantánamo sejam enviados para seus países, libertados, transferidos para outros países ou para outras prisões nos EUA, um processo lento e complicado.
Moradores de localidades para onde os presos poderiam ser transferidos e representantes da oposição no Congresso têm se manifestado contra as hipóteses oferecidas pelo governo. A última opção citada é a prisão de segurança máxima Thomson, em Illinois.
Na semana passada, o conselheiro da Casa Branca responsável pela proposta de fechamento de Guantánamo, Gregory Craig, anunciou que estava deixando o cargo.
O presidente defendeu, também em entrevistas para a TV, a decisão de processar Khalid Shaikh Mohammed, autoproclamado "cérebro" do ataque de 11 de setembro de 2001, em Nova York. Segundo Obama, o descontentamento com o julgamento civil vai desaparecer "quando ele for condenado e quando a pena de morte for aplicada a ele". Outros quatro suspeitos de participação no ataque deverão ser julgados em Nova York.
"Tenho confiança no povo americano e em suas tradições legais e nos promotores de Nova York especializados em terrorismo", disse.
O secretário da Justiça, Eric Holder, disse à Comissão Judiciária do Senado que o país não precisa se acovardar na presença do inimigo.
Já o senador republicano John McCain, derrotado por Obama em 2008, criticou a decisão de julgar os suspeitos em Nova York. Disse que ela dá uma mensagem pouco clara sobre a determinação do país na luta contra o terrorismo.


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