|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Violência diminui na "Chicago do Oriente"
FRÉDERIC BOBIN
do "Le Monde", em Macau
A desordem deixou as ruas de
Macau. O momento já não é propício às cenas de quase terrorismo urbano que marcaram a cidade entre 1996 e 1997.
Macau era apelidada de "a Chicago do Oriente" e fazia manchetes na imprensa mundial, para desespero das autoridades locais,
que diziam que a cidade era mais
segura do que Lisboa e Chicago.
Nos últimos seis meses, como
que para dar razão aos portugueses, as tríades (máfias) voltaram a
pautar-se pelas boas maneiras.
A administração portuguesa
quer acreditar que sua honra está
salva -ela que tanto foi criticada,
acusada de incompetência e falta
de pulso firme, para não dizer
suspeita de conivência.
A explosão de violência dos
anos 96-97, para as autoridades
portuguesas, é vista como produto de quatro fenômenos.
Primeiro, por volta de 1993-94, a
interrupção do fluxo de capitais
especulativos vindos da China.
Em segundo, a aproximação da
devolução de Hong Kong a Pequim, em 1997, levou as máfias da
colônia britânica a se transferirem
para Macau, resultando na intensificação das rivalidades entre
elas.
Em terceiro, a perspectiva da revisão, prevista para 2001, das modalidades do monopólio dos cassinos. E, para concluir, o surgimento no interior das organizações criminosas de uma nova geração de líderes indisciplinados
levou à explosão das tradições vigentes nas tríades.
Fontes portuguesas deixam entender que o governo chinês exerceu um papel ambíguo em tudo
isso.
Assim, alguns funcionários portugueses afirmam que, na época,
Pequim se absteve de ajudar Lisboa, justamente para beneficiar-se politicamente do retorno à calma previsto para após a devolução do território.
"Antes, a China não cooperava,
era a desordem total", constata
um funcionário da administração
portuguesa. "A partir do momento em que começamos a discutir
os últimos preparativos para a devolução, os chineses passaram a
cooperar plenamente e a situação
se acalmou. Interessante, não é?".
Tradução de Clara Allain
Texto Anterior: Entrega de Macau é metáfora da língua portuguesa ameaçada Próximo Texto: Marca registrada: Bares britânicos vão fechar mais tarde Índice
|