São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

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ÁSIA

População também teme conflito com a Coréia do Norte

Com antiamericanismo em alta, Coréia do Sul elege hoje presidente

DA REDAÇÃO

Cerca de 35 milhões de sul-coreanos vão às urnas hoje para eleger o sucessor do presidente Kim Dae-jung -ele não pode concorrer à reeleição. Analistas consultados pela Folha afirmam que não há um favorito claro entre Roh Moo-hyun, apoiado por Kim, e o oposicionista Lee Hoi-chang. Pesquisas são proibidas nas três semanas anteriores à votação.
Roh, que havia passado para a liderança após ter se aliado a Chung Mong-joon -cartola-maior do futebol coreano e herdeiro da Hyundai-, sofreu diversos golpes em sua candidatura nos últimos dias: Chung retirou seu apoio e uma onda de antiamericanismo se juntou a uma onda de medo de um conflito com a Coréia do Norte.
"Formou-se um maremoto que deve atrapalhar o anterior favoritismo de Roh", disse à Folha o cientista político Ho Chi-kuei, da Universidade da Califórnia.
Advogado especializado em direitos humanos, ministro no atual governo, Roh defendeu perseguidos pela ditadura dos anos 80. Lee, que foi ministro da Suprema Corte, concorre por um partido que apoiou o regime militar.
A onda de antiamericanismo se refere a incidentes com as tropas dos EUA estacionadas no país. No último deles, em junho, um blindado atropelou e matou duas estudantes sul-coreanas.
Na semana passada, um tribunal militar americano inocentou os soldados, causando protestos nas maiores cidades do país.

Coréia do Norte
A outra onda, a de medo de uma guerra, ganhou corpo após as notícias de que Pyongyang estaria desenvolvendo um programa de armas nucleares.
"Roh, que herdaria a Política da Luz Solar [política de aproximação que valeu a Kim o Nobel", não é qualificado para lidar com a crise nuclear", disse Lee Hoi-chang, no último sábado.
"Se Lee se tornar presidente, suas posições confrontacionistas criariam uma expectativa de guerra que afastaria os investidores externos e causaria um colapso econômico", respondeu Roh.
Para Kang Won-taek, cientista político da Universidade Soongsil, de Seul, "Roh é popular com as novas gerações, e Lee com as gerações mais antigas".
Isso se daria por Lee conseguir capitalizar o medo das gerações que viram ou sentiram mais de perto os efeitos da Guerra da Coréia (1950-53), quando a do Norte, apoiada pela China, e a Sul, apoiada por forças da ONU lideradas pelos EUA, se enfrentaram.
Pyongyang classifica Lee de "traidor" e "comparsa dos EUA", mas o oposicionista carrega a imagem de "bastião da moralidade", o que contrasta com as denúncias de corrupção que envolve o governo de Kim Dae-jung.


Colaborou Rodrigo Uchôa


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