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ÁSIA
População também teme conflito com a Coréia do Norte
Com antiamericanismo em alta, Coréia do Sul elege hoje presidente
DA REDAÇÃO
Cerca de 35 milhões de sul-coreanos vão às urnas hoje para eleger o sucessor do presidente Kim
Dae-jung -ele não pode concorrer à reeleição. Analistas consultados pela Folha afirmam que não
há um favorito claro entre Roh
Moo-hyun, apoiado por Kim, e o
oposicionista Lee Hoi-chang. Pesquisas são proibidas nas três semanas anteriores à votação.
Roh, que havia passado para a
liderança após ter se aliado a
Chung Mong-joon -cartola-maior do futebol coreano e herdeiro da Hyundai-, sofreu diversos golpes em sua candidatura
nos últimos dias: Chung retirou
seu apoio e uma onda de antiamericanismo se juntou a uma onda de medo de um conflito com a
Coréia do Norte.
"Formou-se um maremoto que
deve atrapalhar o anterior favoritismo de Roh", disse à Folha o
cientista político Ho Chi-kuei, da
Universidade da Califórnia.
Advogado especializado em direitos humanos, ministro no atual
governo, Roh defendeu perseguidos pela ditadura dos anos 80.
Lee, que foi ministro da Suprema
Corte, concorre por um partido
que apoiou o regime militar.
A onda de antiamericanismo se
refere a incidentes com as tropas
dos EUA estacionadas no país. No
último deles, em junho, um blindado atropelou e matou duas estudantes sul-coreanas.
Na semana passada, um tribunal militar americano inocentou
os soldados, causando protestos
nas maiores cidades do país.
Coréia do Norte
A outra onda, a de medo de uma
guerra, ganhou corpo após as notícias de que Pyongyang estaria
desenvolvendo um programa de
armas nucleares.
"Roh, que herdaria a Política da
Luz Solar [política de aproximação que valeu a Kim o Nobel", não
é qualificado para lidar com a crise nuclear", disse Lee Hoi-chang,
no último sábado.
"Se Lee se tornar presidente,
suas posições confrontacionistas
criariam uma expectativa de
guerra que afastaria os investidores externos e causaria um colapso econômico", respondeu Roh.
Para Kang Won-taek, cientista
político da Universidade Soongsil, de Seul, "Roh é popular com as
novas gerações, e Lee com as gerações mais antigas".
Isso se daria por Lee conseguir
capitalizar o medo das gerações
que viram ou sentiram mais de
perto os efeitos da Guerra da Coréia (1950-53), quando a do Norte, apoiada pela China, e a Sul,
apoiada por forças da ONU lideradas pelos EUA, se enfrentaram.
Pyongyang classifica Lee de
"traidor" e "comparsa dos EUA",
mas o oposicionista carrega a
imagem de "bastião da moralidade", o que contrasta com as denúncias de corrupção que envolve o governo de Kim Dae-jung.
Colaborou Rodrigo Uchôa
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