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ARGENTINA
De Noble é acusada de adotar filhos de desaparecidos
Avós da Praça de Maio aprovam prisão da proprietária do "Clarín"
MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES
A associação Avós da Praça de
Maio apoiou ontem a prisão de
Ernestina Herrera de Noble, 77,
principal acionista do Grupo Clarín, que edita o jornal "Clarín" e é
um dos maiores conglomerados
de comunicação da Argentina.
Por ordem do juiz Roberto
Marquevich, De Noble foi detida
anteontem e, até o final da tarde
de ontem, não havia sido interrogada. Ela é acusada de falsificação
de documentos públicos, supostamente com a finalidade de adotar duas crianças que seriam filhos de desaparecidos políticos.
A Avós da Praça de Maio foi
criada em 1976 por mães de desaparecidos políticos que queriam
localizar seus netos. Estima-se
que cerca de 30 mil argentinos tenham desaparecido durante o regime militar (1976-83). No período, foram sequestrados filhos de
presos políticos. As crianças eram
abandonadas ou adotadas por famílias que usavam certidões de
nascimento falsas. A associação já
localizou 73 dessas crianças.
No caso de De Noble, duas famílias desconfiam de que as duas
crianças adotadas por ela sejam
filhos de desaparecidos e, com a
ajuda da associação, recorreram à
Justiça para poder identificá-las.
A empresária é acusada pelo
grupo há mais de dez anos. Ontem, os principais jornais argentinos publicaram textos que afirmavam que a prisão da diretora
do "Clarín" era "abusiva" e que a
decisão surpreendeu as Avós.
"Se causou surpresa, foi uma
surpresa positiva. Há mais de dez
anos estamos tentando conversar
com a senhora De Noble", disse
Berta Shubaroff, das Avós. Em
nota, o Grupo Clarín considerou a
prisão abusiva, pois De Noble
sempre "prestou ativa colaboração" para a apuração do caso.
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