São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

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ARGENTINA

De Noble é acusada de adotar filhos de desaparecidos

Avós da Praça de Maio aprovam prisão da proprietária do "Clarín"

MARCELO BILLI
DE BUENOS AIRES

A associação Avós da Praça de Maio apoiou ontem a prisão de Ernestina Herrera de Noble, 77, principal acionista do Grupo Clarín, que edita o jornal "Clarín" e é um dos maiores conglomerados de comunicação da Argentina.
Por ordem do juiz Roberto Marquevich, De Noble foi detida anteontem e, até o final da tarde de ontem, não havia sido interrogada. Ela é acusada de falsificação de documentos públicos, supostamente com a finalidade de adotar duas crianças que seriam filhos de desaparecidos políticos.
A Avós da Praça de Maio foi criada em 1976 por mães de desaparecidos políticos que queriam localizar seus netos. Estima-se que cerca de 30 mil argentinos tenham desaparecido durante o regime militar (1976-83). No período, foram sequestrados filhos de presos políticos. As crianças eram abandonadas ou adotadas por famílias que usavam certidões de nascimento falsas. A associação já localizou 73 dessas crianças.
No caso de De Noble, duas famílias desconfiam de que as duas crianças adotadas por ela sejam filhos de desaparecidos e, com a ajuda da associação, recorreram à Justiça para poder identificá-las.
A empresária é acusada pelo grupo há mais de dez anos. Ontem, os principais jornais argentinos publicaram textos que afirmavam que a prisão da diretora do "Clarín" era "abusiva" e que a decisão surpreendeu as Avós.
"Se causou surpresa, foi uma surpresa positiva. Há mais de dez anos estamos tentando conversar com a senhora De Noble", disse Berta Shubaroff, das Avós. Em nota, o Grupo Clarín considerou a prisão abusiva, pois De Noble sempre "prestou ativa colaboração" para a apuração do caso.


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