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IRAQUE OCUPADO
Kay, chefe do Grupo de Pesquisa do Iraque, diz ter razões pessoais, mas há indícios de falta de apoio de Washington
Busca de armas proibidas deve perder chefe
DA REDAÇÃO
O chefe da equipe de inspetores
de armas americana que está no
Iraque, David Kay, pensa em deixar seu posto no início do ano que
vem -bem antes de terminar seu
trabalho-, segundo disseram
ontem autoridades americanas.
Kay, que poderia deixar o Iraque em fevereiro, está descontente com o fato de parte de sua equipe ter sido transferida para o
combate à insurgência iraquiana,
deixando de procurar armas de
destruição em massa, e com a falta de progresso de seu trabalho,
de acordo com as mesmas fontes.
O Grupo de Pesquisa do Iraque,
liderado por Kay (que é conselheiro da CIA, agência de inteligência dos EUA), foi enviado ao
Iraque para localizar as armas de
destruição em massa apontadas
pelo presidente George W. Bush e
por seus assessores como justificativa para a invasão do Iraque.
Em reuniões com seus superiores, Kay disse que, por conta de
razões pessoais e familiares, pensa
em deixar seu posto. Mas funcionários do governo e autoridades
afirmaram que há outras razões.
Quando assumiu seu cargo, em
junho, Kay esperava encontrar
provas da existência de armas de
destruição em massa rapidamente, segundo funcionários do governo. Num relatório preliminar
divulgado em outubro, porém,
sua equipe admitiu que ainda não
tinha encontrado vestígios de armas químicas ou biológicas.
Outro fator foi a transferência
de parte significativa de sua equipe para o combate à insurgência
iraquiana. "Com isso, ele não tem
todas as pessoas que gostaria de
ter em sua equipe", disse um funcionário do governo (que não
quis ser identificado).
Detratores da administração
americana dizem que ela deixou
de dar valor à procura por armas e
que a saída de Kay do Iraque só fará piorar a situação.
David Albright, ex-inspetor de
armas da ONU, afirmou que alguns inspetores da equipe de Kay
deverão ficar desmotivados.
Os EUA disseram ter lançado
um programa para contratar
cientistas iraquianos que trabalharam com armas de destruição
em massa.
Mudança de posição
Na última terça-feira, com Saddam Hussein detido e com pesquisas de opinião mostrando
apoio à política da Casa Branca
em relação ao Iraque, Bush indicou que, para o governo dos EUA,
não faz mais tanta diferença se
Saddam já tinha armas de destruição em massa ou se ele apenas
buscava desenvolvê-las.
De acordo com uma reportagem publicada ontem no "New
York Times", questionado por
Diane Sawyer, da rede de TV
ABC, sobre o assunto, Bush respondeu: "Qual é a diferença?".
Para os opositores à guerra, há
uma enorme diferença, já que o
governo sustentou que a ação militar contra Saddam era urgente.
Isso porque o ex-ditador "possuía
armas de destruição em massa".
Nesta semana, o premiê britânico, Tony Blair, disse que as armas
"serão achadas". Internamente, é
mais difícil para ele que para Bush
explicar sua inexistência.
Com agências internacionais
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