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São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Kay, chefe do Grupo de Pesquisa do Iraque, diz ter razões pessoais, mas há indícios de falta de apoio de Washington

Busca de armas proibidas deve perder chefe

DA REDAÇÃO

O chefe da equipe de inspetores de armas americana que está no Iraque, David Kay, pensa em deixar seu posto no início do ano que vem -bem antes de terminar seu trabalho-, segundo disseram ontem autoridades americanas.
Kay, que poderia deixar o Iraque em fevereiro, está descontente com o fato de parte de sua equipe ter sido transferida para o combate à insurgência iraquiana, deixando de procurar armas de destruição em massa, e com a falta de progresso de seu trabalho, de acordo com as mesmas fontes.
O Grupo de Pesquisa do Iraque, liderado por Kay (que é conselheiro da CIA, agência de inteligência dos EUA), foi enviado ao Iraque para localizar as armas de destruição em massa apontadas pelo presidente George W. Bush e por seus assessores como justificativa para a invasão do Iraque.
Em reuniões com seus superiores, Kay disse que, por conta de razões pessoais e familiares, pensa em deixar seu posto. Mas funcionários do governo e autoridades afirmaram que há outras razões.
Quando assumiu seu cargo, em junho, Kay esperava encontrar provas da existência de armas de destruição em massa rapidamente, segundo funcionários do governo. Num relatório preliminar divulgado em outubro, porém, sua equipe admitiu que ainda não tinha encontrado vestígios de armas químicas ou biológicas.
Outro fator foi a transferência de parte significativa de sua equipe para o combate à insurgência iraquiana. "Com isso, ele não tem todas as pessoas que gostaria de ter em sua equipe", disse um funcionário do governo (que não quis ser identificado).
Detratores da administração americana dizem que ela deixou de dar valor à procura por armas e que a saída de Kay do Iraque só fará piorar a situação.
David Albright, ex-inspetor de armas da ONU, afirmou que alguns inspetores da equipe de Kay deverão ficar desmotivados.
Os EUA disseram ter lançado um programa para contratar cientistas iraquianos que trabalharam com armas de destruição em massa.

Mudança de posição
Na última terça-feira, com Saddam Hussein detido e com pesquisas de opinião mostrando apoio à política da Casa Branca em relação ao Iraque, Bush indicou que, para o governo dos EUA, não faz mais tanta diferença se Saddam já tinha armas de destruição em massa ou se ele apenas buscava desenvolvê-las.
De acordo com uma reportagem publicada ontem no "New York Times", questionado por Diane Sawyer, da rede de TV ABC, sobre o assunto, Bush respondeu: "Qual é a diferença?".
Para os opositores à guerra, há uma enorme diferença, já que o governo sustentou que a ação militar contra Saddam era urgente. Isso porque o ex-ditador "possuía armas de destruição em massa".
Nesta semana, o premiê britânico, Tony Blair, disse que as armas "serão achadas". Internamente, é mais difícil para ele que para Bush explicar sua inexistência.


Com agências internacionais


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