São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

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Hamas anuncia fim da trégua com Israel

Grupo alega que israelenses desrespeitaram trato; para Israel, decisão decorre de pressões externas

DA REDAÇÃO

O grupo islâmico Hamas, que controla a faixa de Gaza há mais de um ano, deu ontem por encerrada a trégua acertada em junho com Israel.
O anúncio foi feito um dia antes do fim do prazo estipulado para o fim do acordo, que havia sido mediado pelo Egito e tinha duração de seis meses.
"Não há possibilidade de renovação da trégua com Israel. O inimigo sionista a destruiu. Temos agora o direito de responder a qualquer agressão sionista contra o povo palestino", disse um porta-voz do Hamas.
O representante alegou que Israel não respeitou a promessa de suspender os ataques e levantar o bloqueio imposto a Gaza desde junho de 2007, quando o Hamas expulsou do território o Fatah, do presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Mahmoud Abbas, que governa a Cisjordânia. Israel reforçou o cerco a Gaza no início deste ano.
Pelo acordo, o grupo islâmico deveria cessar os ataques com mísseis contra o território israelense -os disparos continuaram esporadicamente.
O fim da trégua foi anunciado após encontro em Gaza entre o Hamas e outras facções palestinas -Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP), Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP) e Jihad Islâmica- que endossaram o término do pacto.
Israel afirmou que o acordo é do interesse dos palestinos e exortou o Hamas a mantê-lo por prazo indeterminado.
Autoridades israelenses também insinuaram que o fim da trégua resulta de pressões externas sobre o grupo, considerado terrorista por Israel, pelos EUA e pela União Européia.
"Se o Hamas preferir a violência ao cessar-fogo, então devemos nos perguntar se [o grupo] age de acordo com os interesses de seu povo ou interesses estrangeiros", questionou um porta-voz israelense, numa menção implícita a Síria e Irã, que financiam o grupo.
O ministro da Defesa, Ehud Barak, disse que o disparo de foguetes é "inaceitável", mas não revelou se o Exército israelense já está planejando uma ofensiva contra o território.
As tensões entre Israel e o Hamas haviam diminuído nos primeiros quatro meses da trégua, que ficou estremecida em novembro, quando um bombardeio para destruir um túnel supostamente construído para seqüestrar soldados israelenses gerou reação do Hamas, que voltou a disparar foguetes para o território vizinho.
O anúncio do Hamas coincidiu com o embarque de Abbas para Washington, onde será recebido hoje pelo presidente George W. Bush.


Com agências internacionais


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