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Líder chinês prega estabilidade nos 30 anos das reformas
Em meio à desaceleração da economia, Hu Jintao adverte para risco de que realizações econômicas sejam perdidas
Em discurso comemorativo das reformas, presidente reafirma que PC não copiará "de forma nenhuma" o modelo político ocidental
KATRIN HILLE E
JAMIL ANDERLINI
DO "FINANCIAL TIMES", EM PEQUIM
O presidente chinês, Hu Jintao, apelou ontem para a preservação da estabilidade como
"tarefa primordial" do governo
chinês, diante de uma desaceleração acentuada que coloca em
questão o modelo econômico
do país.
O apelo de Hu aconteceu em
discurso a milhares de membros do Partido Comunista
(PC) que participaram da comemoração da decisão tomada
30 anos atrás, em Pequim, de
adotar as reformas econômicas
que resultaram na disparada da
economia chinesa.
"Devemos estar muito cientes de que o desenvolvimento
tem importância primordial e a
estabilidade é nossa tarefa dominante. Caso não haja estabilidade, nada poderá ser realizado, e as realizações que conquistamos serão perdidas."
A liderança chinesa adotou
uma série de medidas para tentar escorar a economia do país à
medida que se prepara para
avanços no desemprego e para
o potencial de inquietações políticas que isso traria.
"A maior questão será o desemprego, e ela pode se tornar
um imenso problema caso não
seja tratada devidamente", disse Shi Mingshen, do "Diário do
Povo", principal jornal do PC.
Diversos acontecimentos em
1978 e 1979 podem ser definidos como gatilhos para o processo que a China hoje conhece
como "Reforma e Abertura".
Mas a liderança definiu uma
reunião do PC em 18 de dezembro de 1978 como o momento
histórico e vinha preparando
há meses a comemoração do
aniversário.
O clímax planejado para as
celebrações, ontem, assumiu
tom diferente, no entanto, à
medida que a liderança encara
pressão cada vez mais intensa
para sustentar o crescimento
das três últimas décadas.
As exportações caíram em
novembro pela primeira vez
em quase sete anos, e o PC decretou em uma recente reunião
de sua liderança de política econômica que manter um ritmo
de crescimento anual de 8% -o
mais baixo em nove anos- seria seu principal objetivo.
A China "obteve resultados
positivos na resposta à crise financeira internacional", disse
Hu ontem. "Precisamos implementar seriamente diversas
medidas para reforçar ainda
mais a demanda interna e promover o crescimento econômico, tratar de forma devida a crise financeira mundial e outros
riscos do cenário econômico
internacional e fazer o melhor
que pudermos para manter um
crescimento rápido e relativamente estável."
O Banco Mundial estima que
os planos da China para reduzir
impostos e estimular investimentos em infra-estrutura
acrescentarão até 3% de crescimento ao PIB (Produto Interno Bruto). Hu prometeu ontem
que manteria a estabilidade em
parte por meio do reforço do
controle do PC sobre a economia, bem como sobre a vida política. "Precisamos usar como
referência os frutos da civilização política humana, mas de
forma nenhuma copiaremos o
sistema político ocidental."
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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