São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

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Líder chinês prega estabilidade nos 30 anos das reformas

Em meio à desaceleração da economia, Hu Jintao adverte para risco de que realizações econômicas sejam perdidas

Em discurso comemorativo das reformas, presidente reafirma que PC não copiará "de forma nenhuma" o modelo político ocidental

KATRIN HILLE E
JAMIL ANDERLINI
DO "FINANCIAL TIMES", EM PEQUIM

O presidente chinês, Hu Jintao, apelou ontem para a preservação da estabilidade como "tarefa primordial" do governo chinês, diante de uma desaceleração acentuada que coloca em questão o modelo econômico do país.
O apelo de Hu aconteceu em discurso a milhares de membros do Partido Comunista (PC) que participaram da comemoração da decisão tomada 30 anos atrás, em Pequim, de adotar as reformas econômicas que resultaram na disparada da economia chinesa.
"Devemos estar muito cientes de que o desenvolvimento tem importância primordial e a estabilidade é nossa tarefa dominante. Caso não haja estabilidade, nada poderá ser realizado, e as realizações que conquistamos serão perdidas." A liderança chinesa adotou uma série de medidas para tentar escorar a economia do país à medida que se prepara para avanços no desemprego e para o potencial de inquietações políticas que isso traria. "A maior questão será o desemprego, e ela pode se tornar um imenso problema caso não seja tratada devidamente", disse Shi Mingshen, do "Diário do Povo", principal jornal do PC.
Diversos acontecimentos em 1978 e 1979 podem ser definidos como gatilhos para o processo que a China hoje conhece como "Reforma e Abertura". Mas a liderança definiu uma reunião do PC em 18 de dezembro de 1978 como o momento histórico e vinha preparando há meses a comemoração do aniversário. O clímax planejado para as celebrações, ontem, assumiu tom diferente, no entanto, à medida que a liderança encara pressão cada vez mais intensa para sustentar o crescimento das três últimas décadas.
As exportações caíram em novembro pela primeira vez em quase sete anos, e o PC decretou em uma recente reunião de sua liderança de política econômica que manter um ritmo de crescimento anual de 8% -o mais baixo em nove anos- seria seu principal objetivo. A China "obteve resultados positivos na resposta à crise financeira internacional", disse Hu ontem. "Precisamos implementar seriamente diversas medidas para reforçar ainda mais a demanda interna e promover o crescimento econômico, tratar de forma devida a crise financeira mundial e outros riscos do cenário econômico internacional e fazer o melhor que pudermos para manter um crescimento rápido e relativamente estável."
O Banco Mundial estima que os planos da China para reduzir impostos e estimular investimentos em infra-estrutura acrescentarão até 3% de crescimento ao PIB (Produto Interno Bruto). Hu prometeu ontem que manteria a estabilidade em parte por meio do reforço do controle do PC sobre a economia, bem como sobre a vida política. "Precisamos usar como referência os frutos da civilização política humana, mas de forma nenhuma copiaremos o sistema político ocidental."


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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