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São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 2003

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VENEZUELA

Para ampliar base de apoio, ele indicou Lucas Rincón, prestigiado nas Forças Armadas, e substituiu comandante do Exército

Chávez nomeia militar ministro do Interior

Rodrigo Arangua/France Presse
Venezuelano compra alimentos em um dos mercados populares instituídos pelo governo, em Caracas, para abastecer a população


DA REDAÇÃO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, nomeou o general reformado Lucas Rincón Romero para o Ministério do Interior e remodelou a cúpula militar do país, substituindo o chefe do Exército por um general mais alinhado. Analistas vêem a ação como uma tentativa de assegurar o apoio das Forças Armadas na atual crise.
Lucas Rincón é o único general de três estrelas do Exército da Venezuela em mais de 70 anos, posto ao qual ascendeu em julho de 2000. A patente, maior das Forças Armadas venezuelanas, só fora conferida antes a dois outros generais na história do país andino: a Eleazar López Contreras (presidente de 1935 a 1941) e ao ditador Juan Vicente Gómez (1908-1929).
Apesar de contar com a confiança de Chávez e da maioria dos oficiais, Rincón foi duramente criticado por sua atuação durante o golpe de 11 de abril de 2002, que alijou Chávez do poder por menos de 48 horas.
Foi o general que anunciou que Chávez havia renunciado, numa declaração que abriu caminho à instalação do empresário Pedro Carmona na Presidência.
Porém Rincón se negou a assumir a chefia das Forças Armadas no "novo governo", apresentando sua renúncia. Com a volta de Chávez e o fracasso do golpe, o general foi reconduzido a seu posto e, alguns dias depois, nomeado ministro da Defesa. Em meados do ano passado, foi reformado.
Para chefe do Exército, o presidente nomeou o general Jorge Garcia Carneiro. Apesar de não pesarem acusações de descontentamento em relação a seu antecessor, Garcia Carneiro é tido como muito mais alinhado a Chávez.
A Venezuela vive uma greve geral convocada pela oposição desde 2 de dezembro. Para tentar auxiliar na solução da crise, um grupo de Amigos da Venezuela foi criado na terça-feira, em Quito, sob a coordenação da OEA (Organização dos Estados Americanos) e incluindo seis países: Brasil, autor da idéia, Estados Unidos, Espanha, Portugal, Chile e México.
O objetivo é promover o improvável diálogo entre Chávez e a oposição para tentar uma saída constitucional para o impasse.
Chávez veio ao Brasil no sábado para se encontrar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pedir a participação de países como China, Rússia, França, Jamaica e Argélia no grupo.
Segundo o chanceler brasileiro, Celso Amorin, o presidente Lula teria desestimulado a iniciativa de Chávez. O presidente venezuelano teria, então, dado um "crédito de confiança" ao Brasil.
Ontem, o vice-presidente da Venezuela, José Vicente Rangel, disse ser "insólita" a sugestão de que Felipe González, premiê espanhol de 1982 a 1996, possa ser indicado pelas Nações Unidas para agir como facilitador da crise no país andino. Para Rangel, o principal impeditivo seria a amizade entre González e o ex-presidente Carlos Andrés Pérez (1974-79 e 1989-93). Chávez liderou, em 1992, uma tentativa fracassada de depor Andrés Pérez.
Em Caracas, um protesto do partido oposicionista Movimento ao Socialismo (MAS), na principal praça da cidade, acabou com os manifestantes atirando pedras e a polícia dispersando a multidão com o uso de gás lacrimogêneo.


Com agências internacionais


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