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IMPRENSA
"Mail on Sunday" desafia ordem de corte da Alemanha que proibia notícias sobre problemas no casamento do chanceler
Schröder e diário britânico travam batalha
DAVID LISTER
DO "THE INDEPENDENT"
O jornal britânico "Mail on Sunday" deixou claro ontem que não
será intimidado pelas ameaças de
uma corte alemã e publicou texto
sobre o casamento do chanceler
(premiê) alemão, Gerhard Schröder, apesar da proibição despachada pela Alemanha.
Schroeder e sua esposa têm sido
alvo do diário britânico, que afirma que o casal está vivendo uma
crise conjugal, o que deu início a
uma exploração sem precedentes
de suas vidas privadas.
Schröder acusou a mídia de espalhar notícias falsas sobre sua vida particular, e sua esposa, Doris
Schröder-Koepf, disse a uma revista alemã que seu casamento está em boa forma, que não existe
crise e que as noites que seu marido passa fora de casa são por causa do acúmulo de trabalho.
Ao publicar texto rebatendo a
ordem judicial expedida por uma
corte da Alemanha que proíbe a
veiculação de informações sobre a
vida privada de Schröder, o diário
de médio porte "Mail on Sunday"
transformou sua provocação em
uma questão de liberdade de imprensa.
O diário, no entanto, terá em
Schröder um adversário notável
com um histórico de ações legais
movidas contra a intrusão da imprensa. No ano passado, por
exemplo, o chanceler ganhou
uma ação ao declarar que a cor de
seus cabelos é natural e que não os
havia tingido. A ação havia sido
movida contra uma agência de
notícias por causa de um texto em
que afirmava que Schröder estava
"colorindo suas têmporas acinzentadas".
As últimas informações divulgadas na imprensa, no entanto,
são mais sérias e dizem respeito
ao estado do casamento do chanceler. Mais séria ainda foi a decisão de Peter Wright, editor do
"Mail on Sunday", de transformar o incidente em desafio ao poder de decisão de uma corte alemã
contra um jornal britânico.
Recentemente, o "Mail on Sunday" teve de se curvar diante de
uma corte do Reino Unido depois
de um pedido do apresentador
Angus Deayton, da rede BBC, para que o diário parasse de publicar
detalhes sobre sua vida privada.
No caso de Schröder, uma corte
de Hamburgo emitiu uma decisão proibindo a Associated Newspapers, empresa por trás do "Mail
on Sunday", de repetir as informações já veiculadas no jornal.
O advogado de Schröder sustentou que, caso a ordem fosse ignorada, o diário deveria ser multado em 250.000.
Especialistas legais disseram
que a ordem da corte alemã está
atrelada à legislação da União Européia, uma vez que a Europa
agora tem uma única jurisdição.
No entanto o comentário do
jornal afirmava que, "após uma
audiência em uma corte alemã, da
qual só fomos informados depois
de seu término, agora somos
ameaçados com pesadas penalidades se repetirmos o material
publicado na Alemanha, apesar
de nunca termos publicado nada
naquele país".
"No entanto, pelo menos agora,
podemos ignorar esse tumulto e
essas ameaças. Por causa de nossa
tradição diferenciada e de nossa
robusta democracia, podemos
publicar esse material e acreditar
que temos o direito de fazê-lo."
O texto ainda sustentava que
"até onde as mentes legisladoras
podem dizer, essa corte alemã
não tem o direito de nos dizer o
que podemos e o que não podemos publicar em nosso país [o
Reino Unido"". Schröder voltará
à corte de Hamburgo amanhã para pedir uma ordem oficial que
proibirá outros dois diários alemães de repetir a história publicada no Reino Unido.
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