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São Paulo, segunda-feira, 20 de janeiro de 2003

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IMPRENSA

"Mail on Sunday" desafia ordem de corte da Alemanha que proibia notícias sobre problemas no casamento do chanceler

Schröder e diário britânico travam batalha

DAVID LISTER
DO "THE INDEPENDENT"

O jornal britânico "Mail on Sunday" deixou claro ontem que não será intimidado pelas ameaças de uma corte alemã e publicou texto sobre o casamento do chanceler (premiê) alemão, Gerhard Schröder, apesar da proibição despachada pela Alemanha.
Schroeder e sua esposa têm sido alvo do diário britânico, que afirma que o casal está vivendo uma crise conjugal, o que deu início a uma exploração sem precedentes de suas vidas privadas.
Schröder acusou a mídia de espalhar notícias falsas sobre sua vida particular, e sua esposa, Doris Schröder-Koepf, disse a uma revista alemã que seu casamento está em boa forma, que não existe crise e que as noites que seu marido passa fora de casa são por causa do acúmulo de trabalho.
Ao publicar texto rebatendo a ordem judicial expedida por uma corte da Alemanha que proíbe a veiculação de informações sobre a vida privada de Schröder, o diário de médio porte "Mail on Sunday" transformou sua provocação em uma questão de liberdade de imprensa.
O diário, no entanto, terá em Schröder um adversário notável com um histórico de ações legais movidas contra a intrusão da imprensa. No ano passado, por exemplo, o chanceler ganhou uma ação ao declarar que a cor de seus cabelos é natural e que não os havia tingido. A ação havia sido movida contra uma agência de notícias por causa de um texto em que afirmava que Schröder estava "colorindo suas têmporas acinzentadas".
As últimas informações divulgadas na imprensa, no entanto, são mais sérias e dizem respeito ao estado do casamento do chanceler. Mais séria ainda foi a decisão de Peter Wright, editor do "Mail on Sunday", de transformar o incidente em desafio ao poder de decisão de uma corte alemã contra um jornal britânico.
Recentemente, o "Mail on Sunday" teve de se curvar diante de uma corte do Reino Unido depois de um pedido do apresentador Angus Deayton, da rede BBC, para que o diário parasse de publicar detalhes sobre sua vida privada.
No caso de Schröder, uma corte de Hamburgo emitiu uma decisão proibindo a Associated Newspapers, empresa por trás do "Mail on Sunday", de repetir as informações já veiculadas no jornal.
O advogado de Schröder sustentou que, caso a ordem fosse ignorada, o diário deveria ser multado em 250.000.
Especialistas legais disseram que a ordem da corte alemã está atrelada à legislação da União Européia, uma vez que a Europa agora tem uma única jurisdição.
No entanto o comentário do jornal afirmava que, "após uma audiência em uma corte alemã, da qual só fomos informados depois de seu término, agora somos ameaçados com pesadas penalidades se repetirmos o material publicado na Alemanha, apesar de nunca termos publicado nada naquele país".
"No entanto, pelo menos agora, podemos ignorar esse tumulto e essas ameaças. Por causa de nossa tradição diferenciada e de nossa robusta democracia, podemos publicar esse material e acreditar que temos o direito de fazê-lo."
O texto ainda sustentava que "até onde as mentes legisladoras podem dizer, essa corte alemã não tem o direito de nos dizer o que podemos e o que não podemos publicar em nosso país [o Reino Unido"". Schröder voltará à corte de Hamburgo amanhã para pedir uma ordem oficial que proibirá outros dois diários alemães de repetir a história publicada no Reino Unido.


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