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FRANÇA
Ela ajudou a reformular a imprensa feminina européia no pós-guerra
Morre a jornalista Françoise Giroud
ALCINO LEITE NETO
DE PARIS
A jornalista e escritora Françoise Giroud, uma das protagonistas
do jornalismo moderno e da liberação feminina na França, morreu ontem em Paris, aos 86 anos,
vítima de traumatismo craniano,
depois de sofrer uma queda, na
quinta-feira. É a segunda perda
para a cultura francesa em pouco
mais de uma semana. No dia 11, a
morte do cineasta Maurice Pialat
causou forte comoção no país.
A morte de Giroud já provoca
emoção semelhante. O premiê
Jean-Pierre Raffarin manifestou
sua "profunda tristeza". O ministro da Cultura, Jean-Jacques Aillagon, afirmou que a jornalista era
"uma das consciências mais luminosas da sociedade francesa".
Nascida em Genebra, Giroud
trabalhou no cinema como assistente de direção e roteirista. Chegou a colaborar com Jean Renoir.
Durante a Segunda Guerra, atuou
como agente da Resistência aos
nazistas. Foi presa pela Gestapo
em 1943. Ao fim do conflito, tornou-se diretora de redação da revista "Elle". Fez uma revolução na
linguagem e no repertório jornalísticos da imprensa feminina
francesa, promovendo a libertação social da mulher.
Em 1953, fundou a primeira
"news magazine" (revista semanal de notícias) na França, "L'Express". De esquerda, a revista renovou o jornalismo do país, influenciando a imprensa estrangeira. Foi Giroud quem cunhou o
termo "Nouvelle Vague" (nova
onda) para caracterizar o movimento do cinema francês de Jean-Luc Godard, François Truffaut e
outros, no fim dos anos 50.
Nos anos 70, Giroud foi secretária de Estado (cargo equivalente a
ministro) da Condição Feminina
(1974-1976) e da Cultura (1976-1977). Escreveu vários livros, entre romances, biografias e memórias. Alguns deles estão traduzidos no Brasil, como "Jenny Marx
ou a Mulher do Diabo" (Record) e
"Cosima Wagner" (Rosa dos
Tempos).
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