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Para britânicos, eleição no curto prazo é possível
NICOLAS PELHAM
DO "FINANCIAL TIMES", EM BASRA
As autoridades britânicas em
Basra (sul do Iraque) consideram
possível superar os obstáculos burocráticos e de segurança e promover eleições no país antes de 30
de junho, quando os EUA e o Reino Unido prometem devolver o
poder ao controle civil iraquiano.
Na última quinta-feira, milhares
saíram às ruas de Basra (região
administrada pelos britânicos),
atendendo ao chamado do aiatolá
Al Sistani, o mais graduado religioso xiita do Iraque, que exige
eleições para uma assembléia nacional.
Representantes da coalizão temem que, se as eleições não acontecerem, Al Sistani possa lançar
uma fatwa, ou edito religioso,
orientando seus seguidores a suspender a cooperação com as autoridades anglo-americanas.
Autoridades britânicas analisam um plano segundo o qual
eleitores em pleitos municipais e
provinciais elegeriam dois terços
de um colégio eleitoral, que indicaria delegados para uma assembléia nacional. Os integrantes do
terço restante seriam escolhidos
pelo Conselho Iraquiano.
As autoridades disseram que,
embora a proposta feita pelo aiatolá Al Sistani de basear a lista de
eleitores nos cartões de racionamento contenha falhas, uma lista
de eleitores redigida a partir de
um misto de cartões de racionamento, saúde e identidade poderia ser uma solução aceitável.
Os representantes britânicos
disseram que, para que o processo tivesse legitimidade, qualquer
procedimento exigiria o apoio da
"ampla massa de iraquianos",
não apenas dos xiitas (que são a
maioria da população do país e vivem principalmente no sul).
Até agora, as lideranças curdas e
os antigos exilados iraquianos
vêm se posicionando contra eleições em prazo curto, temendo
perder sua influência.
Os representantes britânicos
também sugeriram que as Províncias do sul, onde Al Sistani tem
a sua maior base de apoio, poderiam optar por um mecanismo
próprio para eleger delegados à
Assembléia nacional. Segundo
eles, não seria obrigatório um
modelo único para todo o país.
Desde o fim da guerra, a Autoridade Provisória da Coalizão em
Bagdá, liderada pelos EUA, adotou uma política não-oficial que
proíbe a realização até mesmo de
eleições locais.
No final de maio, por exemplo,
uma unidade de fuzileiros navais
americanos na cidade de Najaf tinha se preparado para promover
uma eleição para a assembléia local. A eleição foi cancelada.
Em poucas semanas, urnas tinham sido construídas, uma unidade de assuntos civis do Exército
americano havia tomado medidas para montar centros de registro de eleitores e de votação em
toda a cidade, e os candidatos já
tinham feito suas campanhas.
Entrevistado na época, um oficial americano deixou claro pensar que seria viável fazer a eleição,
mas não quis comentar o adiamento determinado pela Autoridade Provisória da Coalizão.
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