São Paulo, terça-feira, 20 de janeiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para britânicos, eleição no curto prazo é possível

NICOLAS PELHAM
DO "FINANCIAL TIMES", EM BASRA

As autoridades britânicas em Basra (sul do Iraque) consideram possível superar os obstáculos burocráticos e de segurança e promover eleições no país antes de 30 de junho, quando os EUA e o Reino Unido prometem devolver o poder ao controle civil iraquiano.
Na última quinta-feira, milhares saíram às ruas de Basra (região administrada pelos britânicos), atendendo ao chamado do aiatolá Al Sistani, o mais graduado religioso xiita do Iraque, que exige eleições para uma assembléia nacional.
Representantes da coalizão temem que, se as eleições não acontecerem, Al Sistani possa lançar uma fatwa, ou edito religioso, orientando seus seguidores a suspender a cooperação com as autoridades anglo-americanas.
Autoridades britânicas analisam um plano segundo o qual eleitores em pleitos municipais e provinciais elegeriam dois terços de um colégio eleitoral, que indicaria delegados para uma assembléia nacional. Os integrantes do terço restante seriam escolhidos pelo Conselho Iraquiano.
As autoridades disseram que, embora a proposta feita pelo aiatolá Al Sistani de basear a lista de eleitores nos cartões de racionamento contenha falhas, uma lista de eleitores redigida a partir de um misto de cartões de racionamento, saúde e identidade poderia ser uma solução aceitável.
Os representantes britânicos disseram que, para que o processo tivesse legitimidade, qualquer procedimento exigiria o apoio da "ampla massa de iraquianos", não apenas dos xiitas (que são a maioria da população do país e vivem principalmente no sul).
Até agora, as lideranças curdas e os antigos exilados iraquianos vêm se posicionando contra eleições em prazo curto, temendo perder sua influência.
Os representantes britânicos também sugeriram que as Províncias do sul, onde Al Sistani tem a sua maior base de apoio, poderiam optar por um mecanismo próprio para eleger delegados à Assembléia nacional. Segundo eles, não seria obrigatório um modelo único para todo o país.
Desde o fim da guerra, a Autoridade Provisória da Coalizão em Bagdá, liderada pelos EUA, adotou uma política não-oficial que proíbe a realização até mesmo de eleições locais.
No final de maio, por exemplo, uma unidade de fuzileiros navais americanos na cidade de Najaf tinha se preparado para promover uma eleição para a assembléia local. A eleição foi cancelada.
Em poucas semanas, urnas tinham sido construídas, uma unidade de assuntos civis do Exército americano havia tomado medidas para montar centros de registro de eleitores e de votação em toda a cidade, e os candidatos já tinham feito suas campanhas.
Entrevistado na época, um oficial americano deixou claro pensar que seria viável fazer a eleição, mas não quis comentar o adiamento determinado pela Autoridade Provisória da Coalizão.


Texto Anterior: Saddam só será julgado com Iraque soberano
Próximo Texto: Oriente Médio: Israel estuda medidas para reduzir o impacto de barreira
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.