São Paulo, sábado, 20 de janeiro de 2007

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PS se preocupa com o fôlego curto da sua concorrente à Presidência

Ségolène foi ultrapassada pelo conservador Sarkozy nas pesquisas francesas

JOHN LICHFIELD
DO "INDEPENDENT", EM PARIS

O mandarinato dos socialistas franceses está cada vez mais preocupado com a campanha nada convencional da candidata presidencial de seu partido, Ségolène Royal, que enfrenta uma onda negativa de pesquisas de intenção de voto. Um dirigente socialista tomou a inusitada iniciativa de "grampear" uma reunião partidária que discutia a campanha, deixando seu celular ligado para que a discussão fosse acompanhada pelo "Monde". Na conversa, algumas lideranças se queixaram de que Royal vem sendo demasiadamente "passiva" e se fazendo ouvir muito pouco, enquanto seu concorrente do bloco de centro-direita, Nicolas Sarkozy, lançava sua campanha com grande sucesso no fim de semana passado.
"Precisamos de discursos políticos", disse um socialista. Outros opinaram que Royal deveria ter atacado Sarkozy ou gerado manchetes próprias. Ségolène Royal, 53, decidiu comandar uma campanha "participativa" ou "de base", na qual ela ouve os eleitores antes de fazer seus próprios pronunciamentos. Essa fase de sua campanha está prevista para durar até 11 de fevereiro. Respondendo às críticas durante o encontro grampeado, a candidata se defendeu. "Precisamos conservar a calma. Estamos fazendo coisas que talvez sejam menos visíveis e custem menos dinheiro, mas elas darão maior credibilidade e força a nossa campanha."
Embora seja uma figura de destaque do partido há 15 anos, Royal se candidatou como "outsider", cujo programa seria moldado pelas preocupações reais do eleitorado, e não pelos dogmas partidários. Está convencida de que essa abordagem combina com o estado de ânimo do país, cuja população já adquiriu uma visão cínica da política convencional.
Políticos experientes temem que o método dito "royalista" possa estar começando a perder um pouco de seus atrativos. Pesquisas de opinião indicam que Sarkozy está ultrapassando Ségolène nas intenções de voto. Até há pouco, a candidata socialista mantinha uma pequena dianteira, ou ambos apareciam empatados para as eleições presidenciais, com dois turnos marcados para 22 de abril e 6 de maio.
Ségolène e assessores insistem que a queda não passa de um pequeno revés temporário, e que o estilo de campanha "eu ouço a população" acabará por refletir o ânimo antipolítico e antiestablishment reinante no país. Mas no PS muitos dirigentes pensam o contrário.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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