São Paulo, quinta, 20 de fevereiro de 1997.

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Salto capitalista começou em 78

de Pequim

Deng Xiaoping, com a implantação de suas reformas, transformou a paisagem da economia chinesa. Começou pela agricultura: desmontou as fazendas coletivas e criou o "sistema familiar de responsabilidade", ou seja, premiava os camponeses com autonomia para dirigir plantações em escalas menores e acumular lucros.
O líder chinês aprendeu a tese maoísta de que a "revolução vinha do campo", sobretudo num país agrário como a China. Por isso, iniciou, no final dos anos 70, as reformas pela agricultura.
Mas o "salto ao capitalismo" de Deng previa ainda acelerar a industrialização da China e a abertura ao investimento estrangeiro. Entre 1979 e 1993, a economia chinesa cresceu a uma média anual de 9%. Em 1996, a taxa ficou em 9,7%.
O cardápio de idéias de Deng trouxe as "zonas econômicas especiais". Correspondem a cinco cidades, como Shenzhen e Zhuhai, localizadas na região costeira da China e que oferecem incentivos fiscais aos investidores estrangeiros, tornando-se uma dos principais motores do crescimento industrial chinês.
Além de menos impostos, a China, país mais populoso do planeta, também oferece ao investidor estrangeiro uma mão-de-obra barata, muitas vezes obrigada a trabalhar em condições precárias.
Para a estratégia de Deng, o capital estrangeiro funcionaria como importante gerador de empregos e transformaria a China num pólo exportador. Em 1990, o volume do comércio exterior tinha mais do que triplicado em comparação com o início das reformas, em 1978. Produtos chineses inundaram mercados mundiais.
As mudanças econômicas também trouxeram bancos estrangeiros e Bolsas de Valores. A China abriga mais de 210 instituições bancárias internacionais e duas Bolsas, em Xangai (leste) e Shenzhen (sul).
A China de Deng também testemunha diferenças sociais impensáveis nos tempos maoístas.
Os novos-ricos chineses têm atualmente acesso a cartões de crédito, campos de golfe e um padrão de consumo sofisticado para um país com cerca de 60 milhões de pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza (de um total de 1,2 bilhão), segundo dados do governo.
Mas o acesso ao consumo também se democratizou na era Deng. Nas grandes cidades chinesas, mais de 80% das casas contam com aparelho de TV em cores. (JS)

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