São Paulo, quinta, 20 de fevereiro de 1997.

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Líder aprovou massacre de 89

de Pequim

Deng Xiaoping patrocinou em 1989 um dos momentos mais sangrentos da repressão do regime comunista chinês. Sob seu comando, tropas chinesas reprimiram o movimento pró-democracia da praça Tiananmen, em Pequim, e deixaram um saldo de cerca de mil mortos, segundo entidades pró-direitos humanos.
O governo chinês diz que "apenas cerca de 200 pessoas" morreram numa ação planejada para livrar o país de uma "rebelião contra-revolucionária".
Os protestos foram desencadeados pela morte de Hu Yaobang, a 15 de abril de 1989. Dois anos antes, Hu havia sido afastado do cargo de secretário-geral do PC sob a acusação de ser "muito liberal".
Estudantes da Universidade de Pequim queriam que Hu fosse enterrado com honras oficiais, numa homenagem que assustava a cúpula do Partido Comunista.
O protesto estudantil cresceu com velocidade, empurrado pelo descontentamento provocado pela crescente inflação e por reivindicações de melhoria do ensino.
Deng foi pego de surpresa pela maré estudantil. Sua preocupação aumentava com as notícias que chegavam da Europa: regimes comunistas ruíam diante de manifestações de rua.
A 17 de abril, 40 mil pessoas já ocupavam a praça Tiananmen (Paz Celestial). Os protestos cresciam, para se tornarem o maior desafio ao Partido Comunista desde sua chegada ao poder, em 1949.
O governo estava dividido. O secretário-geral do PC, Zhao Ziyang, defendia a negociação com os estudantes, enquanto o premiê Li Peng propunha uma política de menor flexibilidade.
Deng Xiaoping, como líder principal, seria o fiel da balança. A 15 de maio, ele amargou a derrota de não poder oferecer ao presidente soviético, Mikhail Gorbatchov, a tradicional cerimônia de recepção em Tiananmen. A praça estava ocupada por 400 mil pessoas.
No final de maio, Deng passou a se dedicar a costurar o apoio de comandantes militares para a operação que entraria para a história como o massacre de Tiananmen.
A 29 de maio, as primeiras tropas despontaram nas ruas próximas à praça. No dia 3 de junho, Tiananmen abrigava cerca de 1 milhão de manifestantes.
Deng Xiaoping aprovou o início da repressão. O avanço das tropas começou na madrugada de 4 de junho, terminando com 48 dias de desafio ao poder comunista. (JS)

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