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São Paulo, quinta-feira, 20 de fevereiro de 2003

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TERROR

Tribunal de Hamburgo condena o marroquino El Motassadeq a 15 anos de prisão por envolvimento indireto nos ataques

Condenado o primeiro réu do 11 de setembro

Christian Charisius/Reuters
El Motassadeq ouve sua sentença em tribunal de Hamburgo


DA REDAÇÃO

O marroquino Mounir El Motassadeq tornou-se ontem o primeiro acusado de envolvimento nos atentados de 11 de setembro de 2001 a ser condenado. Ele foi sentenciado a 15 anos de prisão por um tribunal de Hamburgo (Alemanha).
Estudante de engenharia elétrica, El Motassadeq, 28, também foi considerado culpado de "participação em uma organização terrorista" -ele foi descrito como membro da célula de Hamburgo da rede terrorista Al Qaeda. El Motassadeq não demonstrou emoção ao ouvir a sentença.
Os dois advogados de defesa de El Motassadeq anunciaram que vão apelar da sentença porque consideraram as provas "arbitrárias e inconcludentes". A defesa disse que não obteve permissão para chamar algumas testemunhas-chave para depor -uma delas teria sido detida pelos EUA e outra pela Síria.
El Motassadeq foi condenado em 3.066 acusações de cumplicidade para assassinato e tentativa de assassinato, apresentadas por familiares das vítimas. Ele pegou a pena máxima.
No tribunal de Hamburgo, El Motassadeq admitira ter sido treinado em um dos campos que eram controlados por Osama bin Laden, líder da Al Qaeda, no Afeganistão, mas negara ter conhecimento do plano de atacar o World Trade Center, em Nova York, e o Pentágono, nos arredores de Washington.
O estudante marroquino dissera ainda ter aprendido a usar um fuzil Kalashnikov durante as três semanas de treinamento que teve no Afeganistão, em 2000, mas afirmara que não tinha conhecimento de que o campo era administrado pela Al Qaeda até chegar ao Afeganistão.
El Motassadeq foi preso em Hamburgo dois meses depois dos atentados nos EUA. O nome dele apareceu em uma lista norte-americana de 370 indivíduos e organizações com supostas ligações com os atentados divulgada em outubro de 2001.
A célula de Hamburgo era uma das mais ativas da Al Qaeda e contava com a presença de Mohammed Atta, um dos principais líderes dos sequestradores dos aviões usados nos atentados.
El Motassadeq afirmou ter conhecido Atta numa instituição educacional, em 1996, e que os dois se tornaram amigos, almoçando no mesmo horário e discutindo religião e política.
De acordo com o réu, no entanto, Atta jamais mencionara o plano de atacar os EUA durante suas conversas.
Além de Atta, a célula abrigava outros dois dos sequestradores suicidas. Segundo Kay Nehm, promotor federal da Alemanha, a célula de Hamburgo já havia escolhido o World Trade Center como alvo de um ataque em abril ou maio de 2000.
O juiz Albrecht Mentz disse que Motassadeq ajudara outros membros da célula que haviam viajado de Hamburgo para os EUA em preparação para o ataque.
"Ele realizou essa tarefa, ele tinha conhecimento dos preparativos para o ataque e apoiava o plano", declarou o juiz.
O ministro do Interior alemão, Otto Schily, elogiou a sentença, mas disse que ainda há muito o que fazer contra o terror. "É um resultado positivo na luta internacional contra o terrorismo. É um aviso a todos os que pensam em se envolver com uma rede terrorista", afirmou Schily. "É difícil deter pessoas que estão dispostas a destruir sua própria vida."

Com agências internacionais


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