São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

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PROLIFERAÇÃO

Teerã não havia informado inspetores da ONU sobre as centrífugas avançadas para enriquecer urânio

ONU localiza no Irã peça nuclear suspeita

DA REDAÇÃO

Inspetores da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), órgão da ONU para o combate à proliferação nuclear, encontraram numa base militar iraniana um modelo avançado de centrífuga construído para o enriquecimento de urânio.
O equipamento não havia sido previamente declarado à agência, o que de imediato reavivou o temor de que o país esteja produzindo combustível para fins militares. "O fato de os iranianos terem centrífugas de projeto mais avançado reforça nossa antiga preocupação", disse o porta-voz da Casa Branca, Scott McClellan.
Em Teerã, o governo nega que o equipamento integre um projeto clandestino para a produção de bombas. "As atividades nucleares iranianas são inteiramente pacíficas. Não temos e nem teremos projetos militares", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Hamid Reza Asefi.
Não há, no entanto, simples confronto de declarações contraditórias. O equipamento localizado numa base aérea não fora declarado à agência em outubro, quando o regime iraniano aceitou inspeções de suas instalações e entregou uma lista de equipamentos supostamente usados para seu programa de termelétricas.
"Essas centrífugas não foram listadas e deveriam ter sido", disse um diplomata à agência Reuters, em Viena, sede da AIEA.
O jornal "USA Today" informara ontem que inspetores da ONU haviam feito descobertas inesperadas. Segundo o jornal, peças das centrífugas seriam transportadas a Viena para vistoria.
É preciso ainda saber o grau de enriquecimento de urânio que o equipamento produziu. Uma centrífuga que obtenha só 5% de isótopos 235 estará fabricando combustível para usinas atômicas que produzem eletricidade. Mas quando esses isótopos chegam a 80% já se tem o plutônio, usado para construir bombas nucleares.
A impressão de que o Irã possa ter mentido à AIEA deixa a ONU de sobreaviso. Para punir o país em nome da comunidade internacional, o Conselho de Segurança poderia adotar sanções.
Os EUA não mantêm relações econômicas com Teerã, mas não têm conseguido impedir que terceiros comercializem com o regime islâmico. Ainda nesta semana, o Japão anunciou um contrato de US$ 2 bilhões para a exploração de reservas petrolíferas iranianas. Por sua vez, a Rússia disse que continuaria a fornecer ao Irã urânio enriquecido para "fins civis".


Com agências internacionais


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