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EUA prendem mais latinos por imigração
Grupo, que constitui 13% da população do país, responde por um terço dos detidos em prisões federais e 40% dos condenados em 2007
Quase metade dos detentos latinos foi condenada por crimes ligados à imigração; número de sentenciados quadruplicou desde 1991
SOLOMON MOORE
DO "NEW YORK TIMES", EM LOS ANGELES
O crescimento acentuado da
imigração ilegal e a implementação maior das leis de imigração vêm modificando de modo
dramático a composição étnica
da população de criminosos
sentenciados em tribunais federais americanos. Em 2007,
os latinos formaram 40% de todos os condenados por crimes
federais e um terço de todos os
detentos em prisões federais.
Os números constam de estudo
do Centro de Pesquisas Pew.
Quase metade de todos os
criminosos latinos -48%- foram condenados por crimes ligados à imigração. Crimes relacionados a drogas são os segundos mais comuns entre os condenados federais latinos.
Ao mesmo tempo em que o
número anual de criminosos
federais mais que dobrou entre
1991 e 2007, o número de infratores latinos sentenciados em
cada ano quase quadruplicou,
subindo de 7.924 para 29.281.
Hoje os condenados latinos representam a maior população
no sistema carcerário federal
americano, apesar de os latinos
representarem apenas 13% da
população do país.
Dos infratores federais latinos, 72% não são cidadãos
americanos, e a maioria foi sentenciada em cortes de um dos
cinco Estados que fazem fronteira com o México. Os presos
federais sem documentos costumam ser deportados a seus
países de origem depois de
cumprir suas penas de prisão.
"O sistema de imigração foi
criminalizado, a um custo
enorme para o sistema de Justiça criminal, as cortes, os juízes, as prisões e os promotores", disse Lucas Guttentag, advogado da União Americana de
Defesa das Liberdades Civis.
No mês passado o "New York
Times" informou que os processos federais ligados à imigração aumentaram nos últimos cinco anos, tendo dobrado
no último ano fiscal, chegando
a 70 mil processos.
O sistema de Justiça federal é
responsável por 200 mil detentos, ou seja, 8,6% do total de 2,3
milhões de presos americanos.
Dezenove por cento dos detentos estaduais e 16% dos detentos municipais são latinos.
Deborah Williams, defensora
federal assistente em Phoenix,
disse que o grande número de
latinos no sistema carcerário
federal, especialmente os que
não são cidadãos americanos e
têm fluência limitada no inglês,
modificou dramaticamente a
cultura das prisões federais.
"Tenho clientes anglo-saxões e indígenas que me contam que são os únicos a não falar espanhol em seus setores",
disse Williams. "Dez anos atrás,
as coisas não eram assim. Tudo
está mudando ali, incluindo a
língua falada e os programas de
TV que os detentos assistem, e
frequentemente os carcereiros
não falam a língua dos detentos. Como se pode guardar pessoas que podem não entender
suas ordens?"
"É difícil entender se o que
estamos testemunhando é uma
mudança de política ou só um
aumento no número total de
imigrantes que vêm para este
país", disse Mark Hugo Lopez,
coautor do estudo. O número
de imigrantes ilegais nos EUA
subiu de 3,9 milhões em 1992
para 11,9 milhões em 2008.
Sob programas federais de
combate à imigração ilegal, como a Operação Guarda da Entrada, que contratou milhares
de funcionários para implementar as leis anti-imigração
na fronteira sudoeste do país, e
a Operação Enxugar, que instituiu a "política de tolerância zero" das travessias ilegais de
fronteira, os crimes de imigração subiram vertiginosamente.
O grande número de crimes
de imigração e de infrações de
baixo nível relacionadas a drogas explica as sentenças pequenas que os latinos costumam
receber -em média 46 meses
de prisão, contra 62 meses no
caso dos brancos e 91 meses no
caso dos negros.
Tradução de CLARA ALLAIN
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