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França ultramarina protesta contra Paris
Greve de um mês e 1ª vítima no departamento de Guadalupe, no Caribe, levam Sarkozy a anunciar medidas
DA REDAÇÃO
Uma greve geral no departamento ultramarino francês de
Guadalupe, que degenerou em
violência e uma morte nesta semana, levou o presidente Nicolas Sarkozy a anunciar uma ajuda de US$ 736 milhões e uma
viagem ao arquipélago caribenho para negociar uma solução
à crise. A visita ocorrerá "quando a calma voltar", afirmou.
Os manifestantes, parados há
um mês, reclamam do alto custo de vida e dos baixos salários,
em um cenário de segregação
que opõe descendentes de escravos negros, que falam dialeto, a colonizadores franceses
brancos. Nas ilhas de Guadalupe, 450 mil habitantes vivem
em uma área um pouco maior
que a cidade de São Paulo.
O governo, temeroso de que
as insatisfações contaminem a
metrópole -que se vê às voltas
com greves e protestos devido à
crise global-, recebeu ontem
autoridades dos departamentos ultramarinos e anunciou o
pacote de ajuda, destinado aos
territórios não-metropolitanos, e a viagem de Sarkozy.
Em pronunciamento aos habitantes dessas regiões após o
encontro, o presidente disse
compreender as reivindicações, qualificou de "intoleráveis" as diferenças de qualidade
de vida em relação à França europeia e prometeu viabilizar
um "amplo plano de modernização" em até três meses.
O fracasso nas negociações
entre os grevistas e Paris originou, a partir de segunda-feira,
saques e incêndios a estabelecimentos comerciais, depredação de carros e interrupção de
ruas e estradas. Os grevistas
exigem aumento de US$ 250
nos salários mais baixos e redução dos preços de produtos de
primeira necessidade -muito
dependentes de importações.
Na terça-feira, as tensões entre os grevistas e forças de segurança culminaram com a morte
de um sindicalista na cidade de
Pointe-à-Pitre, centro econômico do arquipélago e palco dos
principais distúrbios ocorridos.
O governo local diz que a vítima, de 50 anos, voltava de carro
de uma reunião nos arredores
da cidade quando foi alvejada
por um tiro disparado por jovens que ergueram uma barricada na estrada. De acordo com
a versão, o sindicalista foi confundido com um policial.
Anteontem, após reunião de
emergência, o governo francês
enviou um reforço de 500 policiais. Mas à noite novos distúrbios foram registrados, ainda
que com menor intensidade.
Os protestos espalharam-se
para Martinica, que enfrenta
greve desde 5 de fevereiro, e
Guiana Francesa, também departamentos ultramarinos. Em
Reunião, ilha na costa índica
africana que completa os quatro territórios ultramarinos
franceses, uma greve foi convocada para o dia 5 de março.
Os territórios ultramarinos
franceses são remanescentes
do período colonial -a tutela
sobre Guadalupe data do século
17-, e seu estatuto é equivalente ao dos departamentos metropolitanos. O desemprego
médio, no entanto, é cerca de
três vezes maior do que na
França, chegando aos 22%, e os
índices de pobreza, duas vezes
maiores, alcançando os 12%.
Com agências internacionais
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