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Ativistas protestam contra charge ao verem paralelo entre Obama e chimpanzé
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Centenas de pessoas protestaram ontem em Nova
York contra a publicação de
uma charge pelo tabloide
"New York Post", acusando
o jornal de traçar um paralelo entre o presidente Barack
Obama e um chimpanzé. O
tabloide foi alvo de críticas
na imprensa e recebeu milhares de telefonemas de reclamações de leitores.
Os manifestantes, liderados pelo ativista de direitos
civis Al Sharpton, se reuniram em frente à sede do jornal em Manhattan para pedir o boicote ao tabloide, um
dos mais lidos da cidade.
Também pediram a prisão
do magnata Rupert Murdoch, dono do "Post".
Na charge, publicada na
quarta, dois policiais matam
um chimpanzé enquanto um
deles diz: "Agora eles terão
que achar outra pessoa para
escrever a próxima lei de estímulo econômico".
O jornal afirma que a inspiração não foi racista, e sim
uma crítica à abordagem de
Washington para a lei. O desenho, segundo o diretor do
"Post", foi inspirado pelo caso de um chimpanzé de estimação que, em um surto,
atacou uma mulher em Connecticut na segunda e foi
morto a tiros por policiais.
A explicação não convenceu. Na véspera da publicação, Obama, primeiro presidente negro dos EUA, havia
assinado lei, redigida pelos
democratas do Congresso,
que destina US$ 787 bilhões
para estimular a economia.
"A charge pinga racismo",
disse à CNN o analista político David Gergen, da Universidade Harvard. "Todos conhecem o histórico e as referências de uma comparação
com macacos, e não é possível que o "Post" não tenha
previsto essa interpretação."
O caso ganhou importância também por coincidir
com um discurso do novo secretário da Justiça dos EUA,
Eric Holder, o primeiro negro no posto, que disse na
quarta que os EUA são "um
país de covardes" no que se
refere a questões raciais.
Jornalistas do "Post" tentaram se distanciar do episódio ontem. A editora-associada Sandra Guzman enviou e-mail a repórteres afirmando que "não teve nada a
ver com a charge" e que "manifestou objeções à chefia".
O governador de Nova
York, David Paterson, também pediu explicações do
"Post" em entrevista.
Al Sharpton disse ainda
que pretende se encontrar
com anunciantes para estimulá-los a retirar suas peças
do tabloide. "Pensaram que
éramos macacos, mas vamos
provar que somos leões."
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