São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

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Ativistas protestam contra charge ao verem paralelo entre Obama e chimpanzé


ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Centenas de pessoas protestaram ontem em Nova York contra a publicação de uma charge pelo tabloide "New York Post", acusando o jornal de traçar um paralelo entre o presidente Barack Obama e um chimpanzé. O tabloide foi alvo de críticas na imprensa e recebeu milhares de telefonemas de reclamações de leitores.
Os manifestantes, liderados pelo ativista de direitos civis Al Sharpton, se reuniram em frente à sede do jornal em Manhattan para pedir o boicote ao tabloide, um dos mais lidos da cidade. Também pediram a prisão do magnata Rupert Murdoch, dono do "Post".
Na charge, publicada na quarta, dois policiais matam um chimpanzé enquanto um deles diz: "Agora eles terão que achar outra pessoa para escrever a próxima lei de estímulo econômico".
O jornal afirma que a inspiração não foi racista, e sim uma crítica à abordagem de Washington para a lei. O desenho, segundo o diretor do "Post", foi inspirado pelo caso de um chimpanzé de estimação que, em um surto, atacou uma mulher em Connecticut na segunda e foi morto a tiros por policiais.
A explicação não convenceu. Na véspera da publicação, Obama, primeiro presidente negro dos EUA, havia assinado lei, redigida pelos democratas do Congresso, que destina US$ 787 bilhões para estimular a economia.
"A charge pinga racismo", disse à CNN o analista político David Gergen, da Universidade Harvard. "Todos conhecem o histórico e as referências de uma comparação com macacos, e não é possível que o "Post" não tenha previsto essa interpretação."
O caso ganhou importância também por coincidir com um discurso do novo secretário da Justiça dos EUA, Eric Holder, o primeiro negro no posto, que disse na quarta que os EUA são "um país de covardes" no que se refere a questões raciais.
Jornalistas do "Post" tentaram se distanciar do episódio ontem. A editora-associada Sandra Guzman enviou e-mail a repórteres afirmando que "não teve nada a ver com a charge" e que "manifestou objeções à chefia".
O governador de Nova York, David Paterson, também pediu explicações do "Post" em entrevista.
Al Sharpton disse ainda que pretende se encontrar com anunciantes para estimulá-los a retirar suas peças do tabloide. "Pensaram que éramos macacos, mas vamos provar que somos leões."


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