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DISPUTA RURAL
Campo aceita diálogo, mas fará locaute contra Cristina
THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES
Os produtores rurais da
Argentina anunciaram ontem locaute de quatro dias, a
partir de hoje, em protesto
contra a política agrícola do
governo Cristina Kirchner.
O anúncio de interrupção
na venda de carne e grãos foi
feito pouco após o governo
convocar o setor para uma
reunião na próxima terça-feira. Os ruralistas aceitaram
o chamado, mas mantiveram
o locaute. "Fomos enrolados,
deixados de lado e agredidos,
e acreditamos representar a
opinião dos homens do campo com essas medidas", afirmou Mario Llambías, presidente da CRA (Confederações Rurais Argentinas).
A decisão do campo foi
ainda uma resposta a uma
suposta tentativa do governo
de dividir as lideranças ruralistas. Na noite de anteontem, o governo revelou contatos secretos que vinha
mantendo nos últimos meses com Hugo Biolcati, presidente da Sociedade Rural.
Biolcati afirmou que não
revelara os encontros porque o governo lhe havia pedido "estrita confidencialidade". "Se a intenção foi quebrar a Mesa de Diálogo [que
reúne as quatro entidades],
aqui está a resposta."
A tensão campo-governo
aumentou neste verão, agravada pelas perdas provocadas pela maior seca no país
em 50 anos. Projeções privadas apontam queda de até
40% em valor na produção
da safra 2008/09.
Às vésperas de completar
um ano, o conflito continua
sem resolução. De março a
junho de 2008, houve locaute rural contra um aumento
de impostos sobre exportações de grãos. O reajuste caiu
no Congresso após o confronto ter causado grave crise política, com bloqueios de
vias, desabastecimento e
desgaste para Cristina.
Os produtores, contudo,
dizem que os impostos ainda
estão altos em relação aos
preços internacionais das
commodities, que desabaram com a crise econômica.
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