São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

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DISPUTA RURAL

Campo aceita diálogo, mas fará locaute contra Cristina

THIAGO GUIMARÃES
DE BUENOS AIRES

Os produtores rurais da Argentina anunciaram ontem locaute de quatro dias, a partir de hoje, em protesto contra a política agrícola do governo Cristina Kirchner.
O anúncio de interrupção na venda de carne e grãos foi feito pouco após o governo convocar o setor para uma reunião na próxima terça-feira. Os ruralistas aceitaram o chamado, mas mantiveram o locaute. "Fomos enrolados, deixados de lado e agredidos, e acreditamos representar a opinião dos homens do campo com essas medidas", afirmou Mario Llambías, presidente da CRA (Confederações Rurais Argentinas).
A decisão do campo foi ainda uma resposta a uma suposta tentativa do governo de dividir as lideranças ruralistas. Na noite de anteontem, o governo revelou contatos secretos que vinha mantendo nos últimos meses com Hugo Biolcati, presidente da Sociedade Rural.
Biolcati afirmou que não revelara os encontros porque o governo lhe havia pedido "estrita confidencialidade". "Se a intenção foi quebrar a Mesa de Diálogo [que reúne as quatro entidades], aqui está a resposta."
A tensão campo-governo aumentou neste verão, agravada pelas perdas provocadas pela maior seca no país em 50 anos. Projeções privadas apontam queda de até 40% em valor na produção da safra 2008/09.
Às vésperas de completar um ano, o conflito continua sem resolução. De março a junho de 2008, houve locaute rural contra um aumento de impostos sobre exportações de grãos. O reajuste caiu no Congresso após o confronto ter causado grave crise política, com bloqueios de vias, desabastecimento e desgaste para Cristina.
Os produtores, contudo, dizem que os impostos ainda estão altos em relação aos preços internacionais das commodities, que desabaram com a crise econômica.


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