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EUA criticam Rússia, mas recuam de escudo
Pentágono diz que Moscou faz jogo duplo no Afeganistão, ao mesmo tempo em que adia plano que irrita rival
DA REDAÇÃO
Em declarações que refletem
a hesitação do governo Barack
Obama quanto a como lidar
com a Rússia, seu secretário da
Defesa, Robert Gates, acenou
com um apaziguamento das relações com o ex-rival, ao mesmo tempo em que criticou o
"jogo duplo" de Moscou com as
tropas da Otan no Afeganistão.
Durante reunião da aliança
militar ocidental em Cracóvia,
Polônia, Gates afirmou ontem
que o governo Obama "precisa
de mais tempo" para decidir se
leva adiante o projeto de instalar um escudo antimísseis no
Leste Europeu, lançado pelo
antecessor George W. Bush e
criticado por Moscou.
A iniciativa prevê mísseis interceptores na Polônia e um radar na República Tcheca, ex-satélites soviéticos hoje alinhados aos EUA. Segundo Bush, o
sistema serviria de proteção
contra eventuais mísseis de
longo alcance vindos do Irã.
A Rússia vê a medida como
uma ameaça e um fator de desequilíbrio geopolítico, prometendo retaliar com a instalação
de uma base de mísseis no encrave de Kaliningrado, entre a
Polônia e a Lituânia.
A declaração de Gates indica
que o escudo não é prioridade
do novo governo americano,
que prefere apostar numa melhora das relações russo-americanas. A Casa Branca precisa do
apoio de Moscou em várias
frentes geopolíticas, entre as
quais o Afeganistão, tido por
Obama como palco central da
guerra contra o terrorismo.
Mas a intensidade e a rapidez
dessa distensão ainda são alvo
de debate dentro do próprio governo. Sinal disso é que, apesar
do tom conciliador do discurso
de ontem, Gates acusou a Rússia de ter uma posição dúbia em
relação às tropas ocidentais
que combatem extremistas do
Taleban em solo afegão, oferecendo apoio e ao mesmo tempo
minando seus esforços.
"Acho que os russos estão fazendo um jogo duplo em relação [...] à base de Manas", disse
Gates, aludindo ao papel da
Rússia no fechamento de uma
base militar americana no
Quirguistão crucial para o reabastecimento dos aviões que se
dirigem ao Afeganistão.
O Parlamento quirguiz aprovou ontem por 78 votos a 1 a
proposta do governo de fechar
a base. O presidente Kurmanbek Bakiyev anunciou no início
do mês a decisão de pôr fim à
presença militar dos EUA em
seu país, após aceitar mais de
US$ 2 bilhões em ajuda e crédito da Rússia, tradicional aliada.
Gates disse ontem que os
EUA podem oferecer mais dinheiro para reverter os planos
do governo quirguiz e arrendar
a base de Manas. O Pentágono
também estuda mudar a rota
para o Uzbequistão.
Outra dificuldade enfrentada
pela Casa Branca em relação ao
Afeganistão é convencer seus
aliados a reforçar o contingente
no país. Obama anunciou nesta
semana o envio de mais 17 mil
soldados, o que eleva o total
ocidental a 87 mil homens (55
mil dos EUA). O número, entretanto, "ainda está em aberto", ressaltou o presidente ontem em visita ao Canadá.
"[O reforço] não deve ser visto só como esforço adicional
dos EUA", cobrou Gates, para
quem "todos devem fazer
mais". Mas só três países anunciaram incremento: Alemanha
(600 militares), Itália (500) e
Geórgia (200).
Com agências internacionais
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