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GUERRA SEM LIMITES
Três marroquinos, acusados de participação direta, negam culpa; dois indianos também são implicados
Juiz manda prender 5 por ataque em Madri
JULIO GOMES FILHO
FREE-LANCE PARA A FOLHA EM MADRI
O juiz espanhol Juan del Olmo
decretou ontem oficialmente a
prisão dos cinco primeiros suspeitos de participação nos atentados que mataram 202 pessoas em
Madri, no último dia 11.
Haviam sido detidos no último
fim de semana dois indianos e três
marroquinos, entre eles Jamal
Zougam, suspeito de conexão
com a rede terrorista Al Qaeda.
De acordo com a lei antiterror
espanhola, os detidos deveriam
comparecer à Audiência Nacional, principal instância penal do
país, cinco dias após a detenção.
Zougam, reconhecido por duas
pessoas que estavam em um dos
trens alvejados pelos terroristas,
ficou cabisbaixo durante todo o
depoimento e saiu da corte chorando, disseram testemunhas.
O depoimento começou na
quarta-feira e só acabou na madrugada de ontem, com mais de
sete horas de duração. A sessão foi
tumultuada, e fontes informaram
que um dos suspeitos, o marroquino Mohamed Bekkali, chegou
gritando que era inocente.
Com a prisão decretada e sem
direito a fiança, os cinco suspeitos
podem ficar agora encarcerados
por dois anos, até que mais provas
sejam apresentadas. Segundo
fontes judiciais, todos eles se declararam inocentes e disseram estar em casa dormindo no momento do atentado.
A acusação contra os três marroquinos é de 190 homicídios,
1.400 tentativas de homicídio e
participação em grupo terrorista.
Apesar de pelo menos 202 pessoas terem morrido nos atentados
do dia 11 de março, 190 é o número de corpos identificados.
Os dois indianos presos, Vinay
Kohly e Suresh Kumar, foram
acusados oficialmente de colaborar com grupo terrorista e de falsificação de documentos. Os cinco
já foram transferidos para uma
cadeia ao norte de Madri. Eles estão confinados em solitárias e, por
enquanto, só poderão manter
contato com seus advogados.
Segundo o jornal "El Pais", a polícia teria encontrado na loja de
serviços telefônicos que pertence
a Zougam parte de um telefone
celular usado na operação para
acionar um dos detonadores
-dez bombas atingiram quatro
trens, mas três acabaram sendo
encontradas antes de explodir.
A parte achada na loja de Zougam torna-se prova capital na investigação, já que ela fazia parte
de um celular que estava dentro
de uma das mochilas encontradas
pela polícia.
Nos próximos dias comparecerão também à Corte Suprema espanhola outros cinco suspeitos
detidos. Um deles, com nacionalidade espanhola e capturado anteontem no norte do país, teria
ajudado os marroquinos a roubar
os explosivos usados nos atentados. Segundo o jornal "El País",
ele teria confessado à polícia haver conduzido quatro supostos
autores dos ataques a um depósito de explosivos da mina onde
trabalhava, em Avilés.
Já o argelino detido em San Sebastian acabou sendo solto ontem
pela polícia. Ele havia dito, dois
meses atrás, que Madri seria
"inundada de mortes", citando a
estação de trem de Atocha.
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