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MULTIMÍDIA
The Independent
de Londres
Empresas dos EUA têm código de conduta
DAVID USBORNE
em Nova York
Se Tiger Woods, o jovem e elogiado vencedor do torneio Masters
de golfe no último fim de semana,
assistiu ao noticiário político na
segunda-feira, provavelmente se
sentiu aliviado. A Nike, empresa
que o patrocina, assumiu um compromisso público de não explorar
os operários que emprega.
Numa batalha chave na guerra
para melhorar as condições de trabalho em suas fábricas no Terceiro
Mundo, a Nike e outras grandes
empresas norte-americanas de tênis e roupas, como a LL Bean e a
Liz Claiborne, subscreveram um
código de conduta para práticas de
empregadores, válido em todo o
mundo.
O inusitado acordo, que recebeu
o visto do presidente Bill Clinton,
constitui uma tentativa por parte
das empresas de inverter a publicidade desastrosa gerada nos últimos meses por relatos recebidos
sobre o tratamento dado a operários em suas fábricas em várias
partes do mundo, que varia do injusto ao desumano. A mais duramente atingida foi a Nike.
As revelações vindas à tona sobre
a Nike -que teria punido 56 funcionários de uma fábrica sua no
Vietnã, obrigando-os a correr sob
o sol forte até que vários caíram
desmaiados- também prejudicaram alguns dos atletas que ela patrocina.
Por ser um símbolo de integração racial -com ascendência mista afro-americana e tailandesa-,
Woods não escapou das críticas
dirigidas à sua patrocinadora.
Enquanto o resto dos EUA o
adorava, o colunista do ``The New
York Post'' Phil Mushnick o criticava. Acusando-o de perder a
oportunidade de expor a Nike,
Mushnick escreveu: ``Na condição
de filho de mãe tailandesa, Woods
poderia ter rejeitado a Nike pelo
mau tratamento que ela dispensa
às mulheres asiáticas na Indonésia
e no Vietnã''.
O código, que foi negociado pelas empresas com organizações de
defesa dos direitos humanos, sindicalistas internacionais e a própria administração Clinton, num
processo que levou meses, prevê a
presença de monitores externos
que deverão vistoriar fábricas e verificar possíveis violações.
Além disso, as empresas se comprometem a impor aos operários
uma carga de trabalho de no máximo 60 horas semanais -com a
possibilidade de horas extras ``voluntárias''- e a respeitar os salários mínimos dos países onde estão suas fábricas. E não poderão
empregar menores de 14 anos.
Em troca, as companhias que
obedecerem ao código poderão fixar rótulos dizendo ``No Sweat''
("Sem Problemas") a seus produtos, para assegurar ao consumidor que ele pode gastar seu dinheiro sem correr o risco de estar indiretamente apoiando o uso de trabalho escravo.
Mas o código certamente vai demorar a comprovar sua utilidade.
Alguns grupos dizem que é muito
brando demais e que vai acabar
sancionando práticas injustas, como as horas extras excessivas de
trabalhadores no exterior.
Também pairam dúvidas sobre a
validade do sistema de monitoramento. Pelos termos do acordo, os
inspetores serão fornecidos por
firmas de contabilidade escolhidas
pelas empresas de roupas, não por
organizações de defesa dos direitos
humanos. E não ficou claro se as
possíveis violações detectadas serão ou não levadas a público.
Tradução de Clara Allain
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