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São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003

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IRAQUE OCUPADO

OITO DE OUROS

Coalizão diz que Al Azzawi pode dar pistas sobre fundos desviados para o exterior

Ministro das Finanças é capturado

DA REDAÇÃO

A polícia iraquiana prendeu em Bagdá o ministro das Finanças e vice-premiê de Saddam Hussein, Hikmat Ibrahim al Azzawi, 70, e o entregou à coalizão. Ele era o número 45 da lista de 55 membros procurados do antigo regime -cinco já estão presos- e o oito de ouros de um baralho distribuído pelos EUA com os iraquianos mais procurados.
Os americanos crêem que o antigo ministro possa ajudar a recuperar fundos desviados. Estimativas muito imprecisas dizem que Saddam pode ter enviado de US$ 2 bilhões a US$ 40 bilhões para o exterior. "Imaginamos que o ex-ministro das Finanças tenha informações sobre onde o regime colocou o dinheiro da população", afirmou o capitão Stewart Upton, do Exército dos EUA.
"Esperamos que esse dinheiro seja usado para a construção do futuro do Iraque", disse.
O ex-ministro começou sua carreira no partido Baath (nacionalista árabe, mas identificado a Saddam no Iraque) nos anos 60.
Al Azzawi participou do golpe que derrubou o regime do general Qassem, em 1968. No mesmo ano, foi nomeado subsecretário do Comércio, tornando-se depois ministro do Comércio.
Nos anos 70, foi nomeado presidente do Banco Central, mas Saddam, então homem-forte do país, o demitiu em 1977, ante a recusa de Al Azzawi de transferir uma grande quantidade de dinheiro para o exterior. O destinatário do envio era um tio de Saddam.
Após anos escrevendo artigos louvando a figura de Saddam, Al Azzawi voltou às boas graças do ditador em 1995.

Outras "cartas"
Os EUA dizem que pelo menos sete membros da "lista-baralho" estariam na Síria. Entre eles estaria Kamal Mustapha Abdullah, secretário da Guarda Republicana e um dos dez do topo da lista.
Pressionada, a Síria disse ontem que estava aumentando o controle da fronteira e limitando a entrada de iraquianos.
Segundo o comando americano, não há como prever novas prisões, mas a captura de figuras menos importantes continua.
Na sexta, Emad Husayn Abdullah al Ani, considerado o mentor do programa de armas com agentes nervosos do Iraque, e Jala Jadr al Salahat, membro do grupo terrorista do palestino Abu Nidal, se renderam. Apesar de eles não fazerem parte do "baralho", a coalizão diz esperar conseguir informações sobre programas de armas e sobre as supostas ligações do Iraque com a rede Al Qaeda, justificativas para a guerra.
Responsável por diversos atentados -especialmente na Europa, de 1970 a 1985-, o grupo de Abu Nidal figura na lista de organizações terroristas elaborada pelos EUA. Nidal foi preso na semana passada no Iraque.

Busca por Saddam
Os canais de TV árabes vêm mostrando o que chamam de indícios de que Saddam Hussein teria sobrevivido ao ataque.
A Al Jazeera (Qatar) e a TV Abu Dhabi mostraram ontem um documento escrito à mão com uma suposta mensagem de Saddam dizendo à polícia secreta que parasse de combater os invasores.
A carta seria de 9 de abril, data da queda de Bagdá e dois dias depois de um bombardeio que objetivara atingir Saddam e seus filhos na capital.
Os americanos afirmam não saber se o ex-ditador iraquiano está vivo ou morto.


Com agências internacionais

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