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São Paulo, domingo, 20 de abril de 2003

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Chega a Bagdá primeiro comboio da ONU; marines deixam cidade

DA REDAÇÃO

Bagdá recebeu ontem o primeiro carregamento de comida, dentro do programa humanitário supervisionado pela ONU, desde a derrubada de Saddam Hussein pelas forças da coalizão anglo-americana, no último dia 9.
O PAM (Programa de Alimentação Mundial da ONU) entregou cerca de 1.400 toneladas de farinha e outros mantimentos, transportados em 50 caminhões em uma viagem de dois dias a partir da Jordânia.
"Demorou porque não achávamos um lugar seguro para colocar [os suprimentos", devido aos saques em armazéns", afirmou o sargento americano Jason Selby, que colabora na coordenação dos esforços humanitários.
Segundo o PAM, a entrega estabelece a principal rota de ajuda humanitária ao Iraque. No norte do país, o fornecimento de alimentos já é feito via Turquia, mas o porto jordaniano de Ácaba é visto como crucial para o abastecimento das regiões central e sul.
O abastecimento no sul também deve melhorar com o restabelecimento ontem, pelas tropas britânicas na região, da linha de trem entre o porto de Umm Qasr -o maior do país- e a cidade de Basra, a segunda maior do Iraque. A expectativa é de que, até o fim da semana, seja reativada a conexão com Bagdá.
As condições de infra-estrutura na capital e em outras cidades, no entanto, ainda é precária. Até ontem, a maior parte dos 5 milhões de bagdalis ainda estava sem energia elétrica. Muitos não tinham fornecimento de água.
A guerra deixou várias cidades sem água ou energia, e os saques que vêm ocorrendo sem a coibição das tropas de coalizão agravaram a situação de abastecimento e de segurança.
"O país ruiu. Nada funciona -nada de telefone, nada de cuidado médico adequado, nada de transporte, nada", disse Roland Huguenin-Benjamin, do Comitê Internacional da Cruz Vermelha em Bagdá. "Não é só trazer comida ou aspirinas. Os serviços básicos precisam ser restabelecidos, e deve ser montada uma nova administração que responda às necessidades da população."
As agências que operam na capital concentraram esforços no fornecimento de água e no restabelecimento da eletricidade para os hospitais.

Marines deixam Bagdá
Os 15 mil fuzileiros navais americanos que estão na capital iraquiana e suas cercanias começaram a deixar a cidade ontem. Já no primeiro dia da retirada, cerca de 1.600 marines se deslocaram para uma região cerca de 50 km a nordeste de Karbala (sul).
O controle de Bagdá foi entregue a unidades do Exército americano. As duas corporações vinham, até então, dividindo a função, mas os Marines são uma corporação voltada para os combates, enquanto a estrutura do Exército é mais apta ao trabalho de reconstrução e policiamento. Soldados da 3ª Divisão de Infantaria do Exército ficarão em Bagdá. Os da 4ª Divisão, no norte do país.
Os marines só planejam entrar em Karbala após o dia 26. Nesta semana, a cidade deve receber, junto com Najaf, dezenas de milhares de peregrinos em um dos eventos mais importantes do calendário religioso xiita.
"Não queremos interferir na peregrinação. Queremos que tudo aconteça da maneira mais natural possível, mas estamos preparados para o pior", afirmou o major James M. Bozeman, da 82ª Divisão Aérea do Exército Americano.
Ontem, muçulmanos xiitas marcharam pelas ruas de Bagdá em antecipação. A expectativa é de que milhares de xiitas vindos de dentro e de fora do Iraque façam o percurso até as cidades sagradas de Karbala e Najaf, que durante os 24 anos de ditadura de Saddam Hussein -um sunita- foi inibida. Cerca de 60% dos 23 milhões de iraquianos são xiitas.


Com agências internacionais

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