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IRAQUE OCUPADO
Iniciativa busca reduzir tropas americanas no exterior e exclui ONU, tradicional responsável por ações desse tipo
EUA financiarão forças de paz estrangeiras
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
Os EUA financiarão a formação,
o treinamento e a equipagem de
"forças de paz", independentes da
ONU, em exércitos de países de
todo o mundo dispostos a participar da iniciativa, para realizarem
funções militares e de policiamento em regiões de conflito.
O programa, intitulado Iniciativa Global de Operações de Paz, foi
noticiado inicialmente na edição
de ontem do jornal "Washington
Post", e mais tarde confirmado à
Folha pelo Departamento de Estado. Prevê um orçamento inicial,
segundo agências internacionais,
de US$ 660 milhões, para um período de cinco anos.
O anúncio do programa acontece quando os EUA atravessam o
seu pior momento no Iraque.
Se efetiva, a iniciativa poderia
diminuir a necessidade de uso de
militares americanos por tempo
indeterminado em conflitos em
que os EUA venham a se envolver. Segundo o Departamento de
Estado, o programa terá como
plataforma inicial a África, onde
os EUA já têm um programa de
treinamento de forças locais para
operações de paz no próprio continente, mas deve se expandir para outras regiões do mundo.
O governo dos EUA também
trabalha com governos europeus
para a criação na Europa de um
centro internacional de treinamento de forças de paz para lidar
com operações militares e de policiamento, como "controle de
multidões, prisões e segurança de
eleições", segundo o Departamento de Estado.
Essas forças diminuiriam a necessidade de forças militares tradicionais em tarefas como a manutenção da lei e da ordem.
Os EUA estão ainda, diz o Departamento de Estado, procurando o apoio do G-8 (grupo dos países mais ricos do mundo mais a
Rússia) para sua iniciativa.
ONU de fora
A ONU, tradicionalmente responsável pela função de manutenção da paz em regiões de conflito, foi deixada até aqui fora das
negociações e não participou da
idealização do programa, segundo o porta-voz da organização
David Wymhurst. "Não fomos
envolvidos nisso de maneira alguma. É uma iniciativa dos EUA",
ele disse, afirmando que nem todas as forças de paz no mundo
têm de ser necessariamente ligadas à ONU. "As forças da ONU
não são boas para restaurar a ordem em guerras abertas. Esse não
é o nosso papel principal."
No entanto, a legitimidade da
ação de outras forças, ele disse,
depende "geralmente" da aprovação pelo Conselho de Segurança
-"mas a invasão do Iraque no
ano passado não foi autorizada",
afirmou Wymhurst.
Segundo o "Post", o objetivo é
treinar cerca de 75 mil militares
de países que aceitem tomar parte
no programa para poderem ser
usados de maneira rápida. Militares americanos que falaram ao
jornal defenderam que o contingente de pessoal em forças de paz
no mundo é insuficiente para as
necessidades atuais. "Outros países demonstraram interesse em
criar forças de paz, mas eles precisam de ajuda", disse um funcionário do Pentágono ao "Post".
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