São Paulo, quarta-feira, 20 de abril de 2005

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Grupo Opus Dei manifesta "grande felicidade" pela eleição de Bento 16

DA ASSOCIATED PRESS

O grupo católico conservador Opus Dei, que tinha forte apoio de João Paulo 2º, recebeu com alegria a eleição de Joseph Ratzinger como seu sucessor.
"Este é um momento de grande felicidade", disse ontem a autoridade máxima do Opus Dei, o bispo Javier Echevarría, prelado da entidade, em um comunicado no qual prometeu apoiar o novo pontífice.
Fundado na Espanha em 1928, o Opus Dei é o que se chama de "prelatura pessoal", o que significa que ele não se subordina a um bispo local, embora precise de permissão para abrir um escritório em uma diocese.
Echevarría afirmou que "o novo papa conhece a missão da prelatura e sabe que pode confiar na dedicação dos padres e leigos que a compõem para servir a igreja".
O Opus Dei possui mais de 80 mil membros em todo o mundo, a maioria leiga, mas também conta com centenas de padres e bispos. Atribui-se como missão conferir a pessoas leigas um maior papel na difusão da palavra de Deus. João Paulo 2º via o movimento como uma forma de confrontar a secularização da sociedade e reforçar sua doutrina conservadora.
Dois dos cardeais que votaram ontem no conclave são membros do Opus Dei, e acredita-se que vários outros o apóiem. Mas, segundo o teólogo espanhol Enrique Magdalena, não há notícia de que Ratzinger seja filiado a algum movimento no interior da igreja.
"Ele é um homem com uma personalidade forte, então eu imagino que o Opus Dei irá analisar de perto suas reações nos próximos meses", afirmou.
Daniel Thompson, professor de teologia da Universidade Fordham, em Nova York, disse que o Opus Dei só podia ficar satisfeito com a eleição de Ratzinger. "Suas pautas teológicas são bastante similares, e eles também têm a mesma opinião sobre o mundo contemporâneo, o que eu acredito ser ainda mais importante."
Ambos possuem uma "visão bastante negativa" da sociedade ocidental e de suas influências, diz Thompson, citando em particular a homilia que Ratzinger proferiu anteontem (leia texto abaixo), em que alertava contra uma "ditadura do relativismo" e do liberalismo que permeiam a sociedade, "todos os "ismos" do mundo contemporâneo que destroem a adesão à verdade do catolicismo".
"Acredito que o Opus Dei possua um pensamento similar sobre a necessidade de resgatar a Igreja Católica desse tipo de força e de manter a pureza da fé", disse Thompson.


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