São Paulo, quarta-feira, 20 de abril de 2011

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Obama pede sacrifício aos americanos

Presidente reagiu a alerta de agência de classificação de risco sobre o tamanho do deficit público dos EUA

Apesar de tom otimista, Obama diz em discurso que deficit público vai causar sérios prejuízos à economia nacional

Carolyn Kaster/Associated Press
O presidente Obama fala em encontro na Prefeitura de Annandale, no Estado da Virginia

ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

Um dia depois de os EUA terem sido ameaçados de perder sua credibilidade no mercado, o presidente Barack Obama afirmou estar confiante e esperançoso que governo e oposição conseguirão fechar acordo para reduzir a dívida.
"Existe uma maneira de resolver esse problema do deficit de um modo inteligente e que seja justo e divida os sacrifícios para que possamos dividir as oportunidades por todo o país", disse em Annandale (no Estado da Virgínia).
"Se continuarmos a gastar mais do que arrecadamos, isso vai causar sérios prejuízos para a nossa economia", acrescentou.
Segundo Obama, tanto republicanos como democratas concordam que é preciso cortar os gastos em US$ 4 trilhões no médio prazo. "O debate é sobre como devemos reduzir o nosso deficit."
O secretário do Tesouro, Timothy Geithner, também disse estar otimista de que os dois lados possam chegar a um acordo.
Enquanto a oposição prevê corte nos gastos de cerca de US$ 4 trilhões em dez anos, mexendo profundamente no sistema de saúde do país, a proposta do governo Obama é de 12 anos e de corte de US$ 2 trilhões, com aumento de US$ 1 trilhão de novas receitas e mais economia de US$ 1 trilhão com pagamento de juros.
A divergência entre os dois partidos levou a agência de avaliação de risco Standard & Poor's a colocar a nota da dívida americana em "perspectiva negativa".
Para a S&P, crescem as chances de o impasse persistir até as eleições de 2012. A dívida americana já beira os US$ 14,3 trilhões.
A agência diz que é de 33% a chance de os EUA terem rebaixada nos próximos dois anos a sua nota AAA, a máxima concedida e interpretada como risco zero de calote.
Um rebaixamento da nota de risco, algo impensável até pouco tempo (os títulos dos EUA são considerados os mais seguros do mundo), significa que o país teria que pagar mais juros para vender os papéis da dívida.
Os preços dos títulos do Tesouro americano, porém, até agora não sofreram tanto com a notícia, e o rendimento dos papéis com vencimento em cinco e dez anos recuou ontem.
A explicação, no entanto, passa mais pela falta de alternativa do que pela confiança na economia americana.
Os países desenvolvidos, que são a maioria dos AAA, estão envolvidos nos mesmos problemas que os EUA -ou até piores.
Os europeus tiveram que gastar centenas de bilhões de dólares para resgatar seus bancos e têm previsão de crescimento econômico baixíssimo. O Japão, além de uma dívida que beira os 200% do PIB, enfrenta as consequências do tsunami.


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