São Paulo, sábado, 20 de maio de 2000 |
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DEMOCRACIA EM CRISE Grupo ligado ao ex-general Oviedo tenta depor Luis Macchi; governo decreta estado de exceção Paraguai frustra tentativa de golpe
LÉO GERCHMANN DA AGÊNCIA FOLHA, EM ASSUNÇÃO O governo paraguaio conseguiu frustrar uma tentativa de golpe militar ontem de madrugada e impôs estado de exceção no país, prendendo mais de 37 acusados de participar do levante. Houve troca de tiros nas ruas de Assunção, deixando três feridos leves. A tentativa foi concebida por militares ligados ao grupo do ex-general Lino Oviedo, que já tentara dar um golpe em 96. O movimento chegou a sublevar parte da Força de Operações da Polícia Especializada, o comando da polícia, a 1ª Divisão de Cavalaria e o quartel de Cerrito. Às 2h45 de ontem (3h45 em Brasília), o movimento foi derrotado. O Legislativo aprovou ontem decreto sobre o estado de exceção -o Executivo pode determinar prisões, remover pessoas e proibir reuniões públicas por 30 dias, inicialmente. O artigo 288 da Constituição prevê, no máximo, 60 dias. O grupo "oviedista" Movimento Patriótico Tenente-Coronel Fulgencio Yegros (nome do herói da independência de 1811), que promoveu a insurreição, chegou a emitir a seguinte nota: "A insustentável situação do país, conduzido por um governo usurpador, leva um grupo de civis e componentes das Forças Armadas e da polícia a exercer o direito à rebelião e resistência à opressão". Às 22h (23h no Brasil), o ministro da Defesa Nacional, Nelson Argaña, confirmou a insurreição. Houve conflito nas ruas de Assunção, com veículos blindados cruzando avenidas e tiros de armas leves e de canhões. Três pessoas ficaram feridas, e a fachada do Congresso foi danificada. Poucas horas depois do fim do levante, a situação era calma. Ontem, havia forte presença de militares e policiais nas vias públicas, pedindo documentos em locais como a Plaza de los Heroes, no centro da cidade, e à margem do rio Paraguai, nas proximidades do local onde fica o Palácio do Governo. "Não vi inconvenientes para sair com meu filho, que tinha aula. Está tudo normal", disse o empresário Pablo de la Cruz, 46, que passava pela plaza Uruguaya, centro da cidade, na manhã de ontem. "Acho que foi a última vez que isso ocorreu. Não há mais clima para essas coisas", disse a comerciária Josephina Benítez, 49. Até ontem à tarde, haviam sido presas pelo menos 37 pessoas (33 militares e policiais e 4 deputados). As fronteiras ficaram fechadas até a tarde de ontem, causando tumulto entre sacoleiros brasileiros em Ciudad del Este. "Estamos seguros de que foram estes delinquentes, estes bandidos, estes oviedistas, os mesmos que mataram o doutor Argaña", disse o ministro Nelson Argaña, que é filho do vice-presidente Luis María Argaña, morto em 99. Em pronunciamento às 10h45, o presidente Luis González Macchi disse: ""A ordem está restabelecida. A democracia está mais firme do que nunca. Foi a última batalha contra o expoentes do delito político, a instabilidade social". Para o presidente, que classificou a tentativa como ""loucura", ""as forças democráticas derrubaram as forças oviedistas". Ele disse ter ""absoluto controle da situação". Próximo Texto: Filho do vice assassinado ganha força Índice |
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