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Oviedo está desesperado, diz militar
SÉRGIO MALBERGIER
ENVIADO ESPECIAL A TAIPÉ
"(O ex-general Lino) Oviedo está desesperado", disseram ontem
à Folha o chanceler paraguaio,
Juan Esteban Aguirre, e o comandante da Força Aérea do país, general Carlos Alberto Ovando Carvallo. O Paraguai é um dos 29 países que têm relações diplomáticas
com Taiwan, onde os dois estão
para a posse do novo presidente.
Assim que foi informado da
tentativa golpista, o chanceler fez
ligações para o Brasil, a Argentina
e os EUA em busca de apoio.
Ele falou quatro vezes com o
presidente Macchi. Nas duas primeiras, diz que o presidente estava muito tenso. Nas duas últimas,
estava tranquilo.
Já o comandante da Força Aérea
afirma que Oviedo ordenou a tentativa golpista porque sabe que
está perto de ser capturado. Leia a
seguir trechos da entrevista com o
general, realizada em cerimônia
de recepção do governo taiwanês
em Taipé.
Folha - Quem são os golpistas?
Ovando Carvallo - São oficiais da
reserva ligados a Oviedo, que os
controla por meio de dinheiro e
de promessas de poder. Da ativa,
a maior patente não passa de tenente. Oviedo tem hoje muito dinheiro, certamente com origens
no narcotráfico. Há pouco prendemos um oficial que distribuía
dinheiro no quartel em seu nome.
Por que o Paraguai não consegue
prender Oviedo?
Ovando Carvallo - Devido a suas
ligações com grupos criminosos e
policiais corruptos de Ciudad del
Leste (perto da fronteira do Brasil), ele consegue escapar. Mas estamos apertando o cerco.
Folha - O golpe de ontem prejudica a imagem do país?
Ovando Carvallo - Certamente.
Mas a ação acabou em poucas horas e mostrou a capacidade do
presidente de reagir e liderar.
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