São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 2002

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CAXEMIRA

Nova Déli adota preparativos de guerra na fronteira

Ataque separatista mata 5 e eleva tensão entre Índia e Paquistão

DA REDAÇÃO

Pelo menos cinco pessoas morreram e 12 ficaram feridas ontem, na Caxemira indiana, quando guerrilheiros separatistas atacaram uma base do Exército indiano, a cerca de 150 km ao norte de Jammu, capital de inverno do Estado de Jammu-Caxemira.
Um dos mortos era guerrilheiro islâmico enquanto os outros quatro, além dos feridos, eram indianos. O chanceler indiano, Jaswant Sigh, classificou o incidente de "ataque terrorista". "Nós queremos deixar claro que o Exército da Índia irá reagir de imediato sempre que o Paquistão realizar um ataque."
A tensão entre os dois países -potências nucleares, que já se enfrentaram em três guerras desde a independência, em 1947- tem aumentado desde que um ataque suicida a um ônibus e a um quartel do Exército indiano ocorrido na terça-feira, também na Caxemira, deixou 35 mortos.
A Índia atribuiu o atentado a três separatistas muçulmanos de origem paquistanesa.
Em represália, Nova Déli anunciou no último sábado a expulsão do embaixador do Paquistão no país, Ashraf Jehangir Qazi.
O governo do Paquistão, entretanto, havia condenado o ataque e pedido a abertura de uma investigação sobre o incidente.

Negociar apoio
O premiê da Índia, Atal Bihari Vajpayee, se encontrou ontem com a líder oposicionista Sonia Gandhi para negociar apoio político para uma ação militar contra o Paquistão.
Vajpayee também iria se reunir no fim da noite de ontem com os ministros de seu gabinete e os chefes das Forças Armadas para estudar as próximas ações a serem tomadas pela Índia.
Prevendo uma eventual conflito entre os dois países, o Comitê de Segurança do gabinete de Vajpayee anunciou que irá colocar forças paramilitares, sob comando do Exército, para vigiar a fronteira internacional.
O ex-chefe das Forças Armadas do país, general Ved Prakash Malik, disse que os preparativos foram um passo significativo que indica "prontidão, mas não quer dizer que estejamos caminhando para uma guerra".
A secretária-assistente de Estado dos EUA, Christina Rocca, havia visitado ambos os países na semana passada e pedido a retomada do diálogo. A Índia respondeu dizendo que só irá conversar com o Paquistão se os ataques na Caxemira forem suspensos.
A Índia controla cerca de 45% da Caxemira; o Paquistão, cerca de 33%; e a China, o restante.
A Índia acusa o Paquistão de incitar e armar separatistas na parte da Caxemira controlada pela Índia. O Paquistão nega e diz que dá apenas apoio moral à sua "luta legítima pela autodeterminação".
Doze grupos separatistas lutam contra forças indianas na região. Ao menos 33 mil pessoas morreram desde 1989. Segundo os separatistas, o número de mortos ultrapassa 80 mil.


Com agências internacionais

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