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São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Ontem foram dois, um dos quais feito por mulher-bomba; mortos chegam a 12; Bush diz que diálogo deve continuar

Israel sofre o quinto atentado em três dias

DA REDAÇÃO

Uma mulher-bomba palestina detonou explosivos presos a seu corpo na entrada de um shopping center, ontem, em Afula (norte de Israel). Três pessoas morreram e cerca de 50 ficaram feridas. Em outra ação, um homem detonou explosivos presos à sua bicicleta ao se aproximar de posto de controle israelense, na faixa de Gaza. Três soldados ficaram feridos.
Com os dois ataques, subiu para cinco o número de atentados contra alvos israelenses desde sábado. Ao todo, 12 pessoas morreram, além dos cinco suicidas.
O objetivo dos grupos terroristas com a nova onda de atentados é minar o novo plano de paz dos EUA para o Oriente Médio e enfraquecer o premiê palestino, Abu Mazen, visto como moderado e opositor da Intifada (levante palestino contra a ocupação israelense), segundo analistas.
Dois grupos terroristas assumiram a autoria do atentado em Afula: as Brigadas dos Mártires de Al Aqsa e o Jihad Islâmico.
Na faixa de Gaza, 25 palestinos foram feridos por disparos israelenses. O Exército de Israel afirma que a ação visava impedir que os palestinos disparassem mísseis contra alvos israelenses.
O atentado de ontem aconteceu no final da tarde em Israel. A mulher-bomba tentou entrar no shopping, mas foi barrada pela segurança do local.
Enquanto um segurança tentava inspecioná-la, a suicida palestina detonou os explosivos. A mulher-bomba foi identificada como Heba Dawarme. Aos 19 anos, era a caçula de oito irmãos e estudava na Universidade de Al Quds.
Em Washington, o presidente dos EUA, George W. Bush, afirmou que, apesar dos recentes ataques, ele continuará em busca de um plano de paz que resulte em um Estado palestino coexistindo ao lado de Israel em 2005.
"Tenho confiança de que nós podemos mover o processo de paz adiante. Não será um ataque que me tirará do objetivo de alcançar a minha visão [de dois Estados]", disse Bush.
O ministro da Defesa de Israel, Shaul Mofaz, culpou o presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina), Iasser Arafat, pelos recentes ataques. Ele acrescentou que Israel considera a possibilidade de expulsar Arafat dos territórios palestinos. Porém o premiê israelense, Ariel Sharon, descartou essa possibilidade, por ora.
O chanceler palestino, Nabil Shaat, disse que a expulsão de Arafat "destruiria o processo de paz". Além da expulsão, outra possibilidade estudada por Israel é o boicote a autoridades estrangeiras que se reunirem com Arafat. A União Européia afirmou que não respeitaria o boicote.
Arafat, que é impedido de deixar seu QG em Ramallah (Cisjordânia) por tanques de Israel, rejeitou a acusação israelense. Ao saber do novo atentado, o líder palestino afirmou: "Condeno esse tipo de ações contra civis".
Autoridades israelenses evitaram culpar Mazen pelos atentados. O premiê tem como plataforma no seu recém empossado governo o combate ao terrorismo.
Falando em nome do premiê palestino, o ministro do Trabalho da ANP, Ghassan Khatib, disse que "condena os atentados porque eles nos ferem moral e politicamente e não representam a posição dos palestinos".
Abdel Aziz Rantisi, líder do grupo terrorista Hamas, disse que os atentados "são uma resistência legítima e continuarão ocorrendo enquanto a ocupação persistir". Questionado se os ataques visam enfraquecer Mazen, Rantisi afirmou que discorda da posição do premiê de negociar com Sharon, a quem chamou de terrorista.
Mazen e o premiê de Israel se reuniram neste fim de semana.
O Hamas assumiu o atentado suicida em ônibus em Jerusalém anteontem, que deixou sete mortos. O atentado provocou o adiamento de viagem de Sharon aos EUA para discutir o plano de paz.
No mesmo dia, um suicida se explodiu na mesma cidade, sem deixar vítimas. No dia anterior, um homem-bomba se explodiu em uma praça de Hebron (Cisjordânia). Um colono judeu e sua mulher grávida morreram.

Shimon Peres
O ex-chanceler israelense Shimon Peres cancelou sua viagem ao Brasil, prevista para o final deste mês. Os motivos são a situação tensa em Israel e os compromissos com o Partido Trabalhista, de acordo com sua assessoria. Peres viria ao Brasil a convite da CIP (Congregação Israelita Paulista).


Com agências internacionais


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