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São Paulo, terça-feira, 20 de maio de 2003

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EUROPA

Professores lideram servidores em atos contra proposta

335 mil vão às ruas na França contra projeto do governo para reformas

FERNANDO EICHENBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE PARIS

Os funcionários públicos franceses, professores à frente, saíram ontem novamente às ruas para protestar contra os projetos de reforma previdenciária e de descentralização educacional propostos pelo governo. Segundo a polícia, cerca de 335 mil pessoas participaram das manifestações em toda a França, as quais os organizadores dizem ter mobilizado 700 mil.
Em Paris, os manifestantes -38 mil, na estimativa da polícia, e 100 mil, segundo os organizadores- partiram da praça Denfert Rochereau ao meio-dia, e nem a forte chuva que caiu reduziu o número de manifestantes que chegou à praça Vauban, em frente ao monumento dos Inválidos, onde está enterrado Napoleão Bonaparte.
Um grande contingente de policiais bloqueou as ruas que davam acesso ao Palácio de Matignon, sede do governo francês. "O governo quer que trabalhemos mais para, mais tarde, termos menos. Queremos uma reforma que não penalize ainda mais os trabalhadores", disse à Folha a funcionária pública Anne, 54, referindo-se à intenção do governo de aumentar de 37,5 anos para 40 anos o período de contribuição do serviço público.
O professor primário Sylvain, 47, acompanhou a multidão gritando palavras de ordem contra as reformas. Ele acusa o governo de desperdiçar "milhões de euros" e de mentir ao dizer que é necessário reformar o sistema de aposentadoria por causa do Orçamento federal.
O professor de ginástica Jean-Christophe, 35, com a roupa cheia de adesivos do sindicato Força Operária (FO), mostrou conhecer questões políticas brasileiras, fazendo analogias com a situação francesa. "É preciso que a CUT resista, mantenha sua luta e não deixe o trabalhador ser prejudicado por um sistema de aposentadoria que não lhe favorece".

Pressão contínua
A mobilização de ontem, apesar de não ter alcançado a mesma importância dos protestos de terça-feira passada, mostrou que os funcionários públicos estão dispostos a manter a pressão para que o governo reveja seu projeto sobre as aposentadorias.
Em Marselha, os sistemas de metrô e trólebus pararam durante todo o dia. Estima-se que a greve atingiu 50% dos professores, 34,5% dos funcionários dos ministérios e 25,3% dos funcionários de hospitais.
Até agora, o primeiro-ministro Jean-Pierre Raffarin só conseguiu convencer o sindicato CFDT a se alinhar às suas posições.
Mesmo assim, muitos de seus afiliados rejeitaram o voto dos dirigentes e participaram dos protestos brandindo bandeiras do sindicato.
As federações de sindicatos que mantêm a oposição ao projeto do governo (CGT, FO, FSU, CFTC e UNSA) convocaram para o próximo domingo, dia 25, novos protestos nacionais e manifestações em conjunto entre os setores público e privado.


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