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EUROPA
Professores lideram servidores em atos contra proposta
335 mil vão às ruas na França contra projeto do governo para reformas
FERNANDO EICHENBERG
FREE-LANCE PARA A FOLHA, DE PARIS
Os funcionários públicos franceses, professores à frente, saíram
ontem novamente às ruas para
protestar contra os projetos de reforma previdenciária e de descentralização educacional propostos
pelo governo. Segundo a polícia,
cerca de 335 mil pessoas participaram das manifestações em toda
a França, as quais os organizadores dizem ter mobilizado 700 mil.
Em Paris, os manifestantes
-38 mil, na estimativa da polícia,
e 100 mil, segundo os organizadores- partiram da praça Denfert
Rochereau ao meio-dia, e nem a
forte chuva que caiu reduziu o número de manifestantes que chegou à praça Vauban, em frente ao monumento dos Inválidos, onde
está enterrado Napoleão Bonaparte.
Um grande contingente de policiais bloqueou as ruas que davam
acesso ao Palácio de Matignon,
sede do governo francês. "O governo quer que trabalhemos mais
para, mais tarde, termos menos.
Queremos uma reforma que não
penalize ainda mais os trabalhadores", disse à Folha a funcionária pública Anne, 54, referindo-se
à intenção do governo de aumentar de 37,5 anos para 40 anos o período de contribuição do serviço público.
O professor primário Sylvain, 47, acompanhou a multidão gritando palavras de ordem contra as reformas. Ele acusa o governo
de desperdiçar "milhões de euros" e de mentir ao dizer que é necessário reformar o sistema de aposentadoria por causa do Orçamento federal.
O professor de ginástica Jean-Christophe, 35, com a roupa cheia
de adesivos do sindicato Força
Operária (FO), mostrou conhecer
questões políticas brasileiras, fazendo analogias com a situação
francesa. "É preciso que a CUT resista, mantenha sua luta e não deixe o trabalhador ser prejudicado
por um sistema de aposentadoria
que não lhe favorece".
Pressão contínua
A mobilização de ontem, apesar
de não ter alcançado a mesma importância dos protestos de terça-feira passada, mostrou que os funcionários públicos estão dispostos a manter a pressão para
que o governo reveja seu projeto
sobre as aposentadorias.
Em Marselha, os sistemas de
metrô e trólebus pararam durante
todo o dia. Estima-se que a greve
atingiu 50% dos professores,
34,5% dos funcionários dos ministérios e 25,3% dos funcionários de hospitais.
Até agora, o primeiro-ministro
Jean-Pierre Raffarin só conseguiu
convencer o sindicato CFDT a se
alinhar às suas posições.
Mesmo assim, muitos de seus
afiliados rejeitaram o voto dos dirigentes e participaram dos protestos brandindo bandeiras do sindicato.
As federações de sindicatos que
mantêm a oposição ao projeto do
governo (CGT, FO, FSU, CFTC e
UNSA) convocaram para o próximo domingo, dia 25, novos protestos nacionais e manifestações em conjunto entre os setores público e privado.
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